Eleição na Espanha

Foi definitivamente rompida a polarização entre o PSOE e o PP, que marcou a política no país nas últimas décadas

Por: Da Redação  -  01/05/19  -  13:39

A vitória do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) na eleição realizada na Espanha no domingo (28) foi incontestável. Os socialistas conquistaram 123 cadeiras no Congresso, aumentando de modo significativo sua bancada, que era composta por 85 deputados. Em contrapartida, o Partido Popular (PP), de centro-direita, teve sua força política reduzida, passando de 135 para 66 assentos no Parlamento espanhol. 


Foi definitivamente rompida a polarização entre o PSOE e o PP, que marcou a política no país nas últimas décadas. Três outros partidos se firmaram entre o eleitorado: o Ciudadanos, de centro, que cresceu de 32 para 57 deputados, o Podemos, da esquerda radical (que recuou, entretanto, passando de 67 para 42 cadeiras) e uma novidade, o Vox, de extrema direita, que elegeu 24 representantes.


O cenário de maior fragmentação complica a formação do novo governo. No sistema parlamentarista, que vigora na Espanha, espera-se que o primeiro-ministro tenha o apoio de 50% do Congresso, o que exige a formação de coalizão partidária para que a maioria seja alcançada. O PSOE sozinho está distante do número necessário - 176 deputados - e precisará aliar-se a outras siglas. Descartada a aliança com o centro (Ciudadanos), resta a alternativa de uma coalizão à esquerda com o Podemos, mas ainda insuficiente para atingir a maioria, o que obrigaria o PSOE a buscar apoio nos partidos regionais, em especial a Esquerda Republicana (ER) da Catalunha, que elegeu 15 deputados.


Haverá provavelmente longo processo de negociações para a formação do governo. Já se adianta que nada será decidido até o fim de maio, quando ocorrerão novas eleições (municipais, autonômicas e para o Parlamento Europeu), que poderão dar indicações das preferências do eleitorado espanhol. Mas os resultados do último domingo permitem algumas conclusões.


A primeira delas é que o avanço da direita, que vinha sendo notada em vários países (a Itália como destaque recente), não aconteceu. A social-democracia prevaleceu e conquistou votos da esquerda mais radical (o Podemos foi enfraquecido), enquanto o PP perdeu espaço para o Centro (Ciudadanos). É fato que o Vox, partido que representa a ultra-direita, que não participava da política espanhola desde o final dos anos 1970, conseguiu sua representação, mas acabou ficando bem abaixo do que algumas pesquisas de opinião apontavam como provável.


O xadrez da política espanhola mostra a convergência na centro-esquerda. Embora a aliança entre o PSOE e o Ciudadanos, que confirmaria tal tendência, seja pouco provável, em razão das divergências e ataques mútuos durante a recente campanha, ficou claro que a alternativa à direita não prevaleceu, e cabe aos socialistas demonstrar que serão capazes de governar, de fato, a Espanha nos próximos quatro anos.


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