Educação, Saúde e negociação

O que não se pode é indicar mais um inepto para a Educação e continuar errando em uma área tão imprescindível para o País

Por: Da Redação  -  21/06/20  -  11:40

Há uma certa unanimidade, qualquer que seja a ala ideológica de um país, de que dois dos principais pilares de um plano de governo que planeja o desenvolvimento são a Saúde e a Educação. São, também, as áreas minimamente privatizantes de um país. No caso do Brasil, previstas na Constituição como direito de todo cidadão. A qualidade desses serviços será avaliada interna e externamente.


No atual cenário brasileiro, as duas áreas seguem fragilizadas e, pior, sem titulares que as comandem. Na Saúde, o Brasil contabiliza mais de 1 milhão de contaminados pelo coronavírus, e há um claro distanciamento entre União e os demais membros da federação quanto à forma de conduzir os planos de combate à pandemia. Para além das vítimas fatais e do estrago na economia, o Brasil já figura com imagem arranhada em alguns dos principais organismos internacionais, que veem a pandemia sem política de controle.


Na Educação, a semana termina sem a definição de um titular para ocupar a vaga de Abraham Weintraub, que fez uma gestão vazia de propostas e repleta de beligerância para com toda a rede. Mais que isso: desconstruiu projetos que, embora precisassem de ajustes, funcionavam relativamente bem, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O presidente Jair Bolsonaro acena com a possibilidade de nomear para o cargo mais um interino, a exemplo do que fez com a Saúde, em que um militar comanda a pasta há um mês.


O risco da vacância neste momento da política brasileira não está apenas na eventual escolha ruim que se possa fazer como, aliás, tem sido o perfil dos que ocuparam o Ministério da Educação. O risco maior é trocar a indicação desses ministérios por apoio político que devolva ao presidente Jair Bolsonaro parte da segurança que ele vem perdendo no Congresso, com apoiadores cada vez mais distantes e reticentes diante do cerco que começa a se fechar. 


Embora tenha levantado a bandeira da “nova política”, sem troca de favores por cargos, durante sua campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro tem feito movimentos no sentido de se aproximar dos partidos de centro, como PTB, PSD e PL. 


O rol de preocupações do governo tem fatos antigos – como apurações envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o próprio uso de candidaturas-laranja nas eleições de 2018. De uma forma ou de outra, eles são o pano de fundo de algumas das últimas ações do presidente e indicam um ambiente político mais desafiador ao governo.


Melhor será, neste momento, selecionar para o Ministério da Educação um profissional técnico dos próprios quadros da pasta, que conheça os trâmites cotidianos e possa garantir o menor estrago neste momento.


Não se sabe para onde caminharão as investigações. O que não se pode, definitivamente, é indicar mais um inepto para a Educação e continuar errando em uma área tão imprescindível para o País.


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