Economia global em desaceleração

Trata se de movimento geral, que atinge quase todos os países e continentes, confirmado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que projeta queda em 70% da economia global

Por: Da Redação  -  12/04/19  -  14:31

Recente atualização de índice compilado pelo Centro de Estudos Brookings Institution e pelo jornal britânico Financial Times mostrou que a economia mundial entrou em processo de desaceleração que dificilmente será revertido em 2019.Trata se de movimento geral, que atinge quase todos os países e continentes, confirmado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que projeta queda em 70% da economia global.


Não há sinais ou risco de recessão, mas o FMI já reduziu a estimativa de crescimento do PIB global em 0,2 ponto percentual para 2019. A projeção, divulgada em janeiro, mostrava um avanço de 3,5%, agora diminuída para 3,3%, enquanto a previsão para 2020 foi mantida em 3,6%. Os indicadores econômicos dos últimos seis meses têm sido decepcionantes nos EUA, China e Europa, demonstrando generalizada perda de força e ímpeto no crescimento.


A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, alerta que a economia global passa por momento delicado, apontando as revisões negativas para a zona do euro, América Latina, Reino Unido, Canadá e Austrália. Há vários fatores para explicar o fenômeno: a escalada das tensões comerciais entre EUA e China, crises na Argentina e na Turquia, problemas no setor automotivo na Alemanha (que teve queda em suas exportações e importações em fevereiro), além do crescente temor em relação à saída do Reino Unido da União Europeia (o Brexit) e piora das condições financeiras, consequência da normalização das grandes economias desenvolvidas (o Fed, banco central americano, promoveu ciclo de alta de juros).


O panorama negativo atinge tanto países desenvolvidos (cujo crescimento previsto para 2019 é de 1,8%, inferior ao do ano passado, de 2,2%) quanto aqueles em desenvolvimento. Índia é exceção - seu PIB deve avançar 7,3% neste ano, mais que os 7,1% de 2018 - mas a China também deve ter desempenho inferior (6,3% contra 6,6%) e a América Latina desponta como a região mais problemática. Houve redução expressiva das expectativas de crescimento para 2019, que passaram de 2% para 1,4%.


A situação brasileira não é confortável. O FMI baixou sua projeção para o País de 2,5% para 2,1% (e muitas instituições nacionais já prevê em números ainda mais baixos, próximos de 1%, repetindo números de 2017 e 2018). A economia nacional apresenta muitos problemas: o endividamento bruto do governo federal ficou em 77,4% do PIB em fevereiro, bem acima da média dos emergentes, que em 2018 foi pouco acima de 50% do PIB, e há muita incerteza sobre as reformas estruturais, notadamente a da Previdência.


Neste difícil cenário de economia fraca a inflação não preocupa, e deve se manter abaixo da meta anual do Banco Central, que é 4,25%. Mas a situação do desemprego e da renda depende do crescimento econômico, que só deve avançar em 2020.


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