EAD com mais alunos

Dados apontam que quase 120 mil alunos migraram do ensino presencial para o ensino a distância no País entre 2016 e 2017

Por: Da Redação  -  20/10/19  -  20:19

Mais um dado foi divulgado a respeito do crescimento do Ensino a Distância (EAD) no Brasil. Com base nos microdados do Censo da Educação Superior feito pelo Inep, instituto do Ministério da Educação (MEC), o Semesp, entidade que reúne as mantenedoras do ensino superior, apontou que quase 120 mil alunos migraram do ensino presencial para o ensino a distância no País entre 2016 e 2017.  


O avanço recente do EAD é notável: entre 2013 e 2018, a quantidade de alunos ingressantes no ensino superior privado na modalidade mais que dobrou, passando de 21,6% para 45,7% do total. Em contrapartida, aqueles que optavam pelos cursos presenciais noturnos, que eram a maioria, perderam essa posição: em 2018 foram 36,7%, contra 57,7% do total em 2013. Em proporção menor, os ingressantes nos cursos presenciais diurnos diminuíram, passando de 20,8% para 17,6%. 


Os números mostram que os cursos EAD estão muito próximos de superar o ensino presencial. A favor da modalidade estão a maior flexibilidade para estudar e principalmente os preços menores. Deve ser ressaltado que o MEC regulamentou o EAD em todo o território nacional em 2017, e a partir desta data as instituições de ensino superior puderam criar polos de ensino a distância sem que fosse exigido o credenciamento prévio para a oferta presencial.  


O reforço ao EAD veio, segundo o MEC, como estratégia para ampliar o ensino superior no País, para atingir meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que é elevar a taxa líquida de matrícula na educação superior para 33% entre a população de 18 a 24 anos em 2024. Em 2018, o Brasil estava distante disso, uma vez que apenas 17,9% dos jovens nessa faixa etária estavam matriculados no ensino superior. 


O EAD é modalidade que, bem utilizada, pode trazer ganhos importantes para o ensino brasileiro, em todos os níveis. Os modernos recursos tecnológicos permitem que cursos sejam oferecidos com avanços no aprendizado, mas é preciso estar atento a problemas e dificuldades. Um deles é a alta evasão: ela chegou a 36,5% em 2018, contra 26,5% no ensino presencial. 


Mas a questão mais séria diz respeito à qualidade dos cursos que são oferecidos. No Enade de 2017, que avaliou alunos de licenciaturas e ciências exatas, 46% das graduações a distância tiraram notas 1 a 2, as mais baixas na escala de 1 a 5, ante 33% das presenciais. 


Muitos Conselhos profissionais têm impedido que pessoas graduadas na modalidade EAD possam exercer a profissão, e o Ministério Público Federal encaminhou ao MEC recomendação para que a pasta suspenda a autorização para novos cursos a distância na área da saúde. Cursos EAD em Pedagogia, que são a maioria, são criticados pela ausência de aulas práticas e treinamento docente, o que evidencia que o ensino a distância deve avançar com cuidado e prudência. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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