Deslocados à força

Há 25,9 milhões de pessoas refugiadas em outros países, enquanto outros 41,3 milhões foram obrigados a deslocar-se para outros lugares nos próprios países

Por: Da Redação  -  22/06/19  -  19:14

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), 70,8 milhões de pessoas foram obrigadas a deslocamentos forçados em 2018 para fugir de guerras, violências, perseguições políticas e crises humanitárias. O número dobrou em relação a 1998, e vem crescendo há sete anos consecutivos.


Neste contingente há 25,9 milhões de pessoas refugiadas em outros países (e mais 3,5 milhões aguardando definição de governos sobre sua situação), enquanto outros 41,3 milhões foram obrigados a deslocar-se para outros lugares nos próprios países. O mais grave, segundo Frederico Martinez, representante-adjunto do Acnur no Brasil, é que a situação deve piorar ainda mais, uma vez que as causas que dão origem aos deslocamentos não estão sendo resolvidas.


O Direito Internacional estabelece como refugiadas as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos sociais, ou que sejam obrigadas a partir devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos.


Atualmente, os maiores contingentes de refugiados provêm da Síria (6,7 milhões), Afeganistão (2,7 milhões) e Sudão do Sul (2,3 milhões), países que vivem guerras internas há muito tempo. Os dados do Acnur mostram, entretanto, que são os países vizinhos, muitos deles pobres e com muitas dificuldades, aqueles que têm acolhido essas populações. Quatro em cada cinco refugiados refugiam-se em nações próximas à sua, e há 5,8 refugiados para cada mil habitantes nos países pobres, mais do que o dobro dos ricos (2,7 refugiados para cada mil habitantes).


Apesar da forte resistência, com manifestações de xenofobia explícita em muitas nações europeias, a Turquia, Paquistão e Uganda abrigam muito mais refugiados do que a Alemanha, evidenciando que o problema atinge principalmente tais países, com escassas condições para receber essas pessoas. O drama é enorme, tendo em vista que cerca de metade dos refugiados no planeta tem menos de 18 anos, e 138 mil deles são crianças que chegam desacompanhadas de pais e familiares.


Os refugiados são apenas parte de problema gigantesco, que exige a atenção do mundo e políticas eficazes, tanto de governos como da sociedade civil, para ser enfrentado. Os deslocados forçados internos são milhões, e novas questões, que vão além de guerras e perseguições, se colocam no horizonte próximo. Uma delas diz respeito às mudanças climáticas, que ameaçam vastas regiões do planeta, que poderão rapidamente sofrer inundações ou tornaram-se áreas desérticas, sem condições de produção agrícola.


A fome e a miséria impõem a muitos a necessidade de mudar, de modo desordenado e desesperado, e isso exige atenção máxima de todo o mundo.


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