Desigualdade social entre raças

Quase a metade dos pretos e pardos, cerca de 47%, estava na informalidade no ano passado, enquanto entre os bancos a taxa é de 35%

Por: Da Redação  -  15/11/19  -  19:08

Dados do IBGE de 2018 mostram que persistem as desigualdades entre raças no Brasil. Os trabalhadores brancos têm renda 74% superior, em média, em relação a pretos e pardos, que são maioria na população brasileira (56% do total). Trata-se de diferença que vem se mantendo estável nos últimos anos, evidenciando que negros e pardos continuam em desvantagem no mercado de trabalho, além de terem piores condições de moradia, escolaridade, acesso a bens e serviços, e estarem mais sujeitos à violência.


É um retrato trágico da sociedade brasileira. A taxa de desocupação dos pretos e pardos é significativamente maior que a dos brancos (14,1%, contra 9,5%), bem como têm muito mais dificuldade para acessar cargos gerenciais (68,6% deles são ocupados por brancos, e 29,9% por pretos e pardos). Quando se analisa a pobreza no País, ela está muito mais presente entre pretos e pardos: 32,9% deles vivem abaixo da linha da pobreza, com renda mensal média domiciliar per capita até US$ 5,50 por dia, com 15,4% dos brancos nessa condição.


Quase a metade dos pretos e pardos (47%) estava na informalidade no ano passado, enquanto entre os bancos a taxa é de 35%. Na divisão entre os mais ricos e os mais pobres, de cada quatro pessoas no grupo dos 10% com menores rendimentos, três são pretas ou pardas e uma é branca. Entre os 10% mais ricos, a situação é invertida, quase na mesma proporção.


Em relação a serviços básicos, 45% da população preta ou parda não tinha acesso a saneamento básico; entre os brancos, são 28%. Embora tenha havido redução da taxa de analfabetismo entre pretos e pardos – diminuiu de 9,8% para 9,1% entre 2016 e 2018 –, ela ainda está distante da dos brancos (3,9%). Na questão do Ensino Superior, a participação de jovens de 18 a 24 anos que frequentavam ou haviam concluído os cursos universitários também espelha a desigualdade: eram 18,3% pardos ou negros contra 36,1% brancos.


Nesse tema, porém, há boa notícia. Quando são considerados apenas os estudantes das faculdades e universidades públicas, houve crescimento dos pretos e prados e, pela primeira vez, eles constituem mais da metade do total (50,3%). Um dos fatores que o IBGE credita a esse avanço é o sistema de cotas, que reserva vagas a candidatos de determinados grupos, além dos programas de apoio e extensão em universidades federais.


O resgate da cidadania das populações historicamente discriminadas é imposição de justiça social. Não é admissível que, em pleno século 21, pretos e pardos, que são a maioria dos brasileiros, continuem em condições de inferioridade em todos os planos. Apesar dos avanços no Ensino Superior, a desigualdade persiste: pretos e pardos têm menores índices de frequência escolar, abandonando os estudos mais cedo, diante da situação econômica das famílias.


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