Desemprego cresce em março

Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram piora no mercado de trabalho formal no mês e provocou revisão das projeções para este ano.

Por: Da Redação  -  27/04/19  -  22:34

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registra o emprego com carteira assinada no País, mostraram piora no mercado de trabalho formal no mês de março e provocou revisão das projeções para este ano. Em todo o Brasil houve o fechamento de 43,2 mil vagas, o pior resultado para o mês desde 2017. Dos oito setores analisados, cinco tiveram saldo negativo, e o comércio se destacou, com 28,8 mil postos perdidos, seguido pela agropecuária (menos 9,5 mil empregos) e pela construção civil (menos 3,1 mil empregos). Considerando o primeiro trimestre do ano, o balanço ainda é positivo - mais 164,2 mil empregos formais - mas houve uma queda de 15,9% em relação ao mesmo período de 2017.


Na Baixada Santista o quadro foi o mesmo. Após um mês de recuperação - fevereiro havia registrado o melhor resultado dos últimos cinco anos - houve, em março, o fechamento de 931 vagas com carteira assinada, e os números foram negativos em todas as cidades da região, exceto Cubatão. Guarujá e Bertioga, considerando a oferta local de empregos, foram as mais atingidas (perda de 480 e 306 postos de trabalho, respectivamente), seguidas por Santos, com saldo negativo de 228 vagas.


Há várias explicações para o ocorrido. Na perspectiva regional, é razoável admitir que o fim da temporada de verão tenha provocado demissões em duas cidades que dependem fortemente do turismo, como é o caso de Guarujá e Bertioga, embora em Praia Grande, outro município que apresenta grande movimento na temporada de verão, a perda tenha sido bem menor (-77 vagas). Técnicos do governo, por sua vez, atribuem o fato a um movimento natural de sazonalidade em função das contratações de fim de ano. Mas deve ser salientado que o resultado deste ano, no mesmo mês, foi bem pior do quem 2018, quando o balanço havia sido positivo, embora de pequena intensidade (apenas mais 9 postos de trabalho na região).


É preciso ainda considerar que o mês de março teve o menor número dias úteis em razão do Carnaval, e que provavelmente houve uma correção dos dados fortes registrados em fevereiro. Mas é inegável que pesa, na piora do quadro de emprego, a incerteza política e econômica atual. Os empresários, de maneira geral, deixaram em suspenso seus planos de expansão e investimento diante das dificuldades que o governo vem enfrentando no Congresso na tramitação da reforma da Previdência. 


Confiança é um fator decisivo para contratações e ampliação das atividades. Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) mostrou que 74,7% das empresas entrevistadas acreditam que o governo tomará medidas, mas não conseguirá resolver o desequilíbrio fiscal. Nesse ambiente pessimista, o emprego é afetado, e o cenário para os próximos meses não é, infelizmente, animador. 
 


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