Desafios do País no pós-carnaval

Nem o carnaval trouxe trégua aos problemas de segurança no País, que persistem e exigem atenção, diante da insatisfação de policiais em vários estados

Por: Da Redação  -  24/02/20  -  11:50

Nem o carnaval trouxe trégua aos problemas de segurança no País, que persistem e exigem atenção, diante da insatisfação de policiais em vários estados. A tensão tem se elevado com a questão salarial e a concessão de reajuste de 41,7% pelo Governo de Minas Gerais acirrou mais os ânimos, com perspectiva de efeito cascata em outras áreas e instituições.


As avaliações são de que o cenário tende a se complicar ainda mais após o carnaval. Em março, o Congresso irá demonstrar sua insatisfação com as recentes declarações de autoridades – notadamente a do general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, que poderá ser convocado para explicações no Senado – e que começam a chegar também ao ministro Paulo Guedes. Há fundadas preocupações de que projetos do Governo não irão tramitar e ameaça efetiva à agenda fundamental de reformas, que pode ser travada.


As ruas podem ser tomadas por manifestantes. No dia 15 de março, apoiadores do Governo devem realizar atos em todo o País na defesa do presidente Jair Bolsonaro, com protestos contra o que chamam de “parlamentarismo branco”. Não faltarão, certamente, pesadas críticas ao Congresso e a seus principais líderes, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Três dias após, em 18 de março, servidores federais dos três poderes, das universidades federais e a União Nacional dos Estudantes (UNE) estão articulando paralisações e protestos.


A economia, que até aqui garantia a sustentação política do Governo, começa a apresentar problemas. O esperado crescimento para 2020 pode não acontecer, já que o desempenho em vários setores – indústria, comércio e serviços – tem sido decepcionante neste início de ano. Em 4 de março saem os resultados oficiais de 2019 do IBGE e, a depender dos números, o mau humor do mercado pode aumentar, criando novas e fortes pressões no Governo.


Persistem muitas incertezas sobre as ações e os rumos do Governo nos próximos meses. A anunciada reforma administrativa, cujo envio ao Congresso deveria ter ocorrido na última quinta-feira, ficou para depois do carnaval – e ninguém sabe se esse prazo será cumprido. Não há posicionamento sobre a reforma tributária, cuja agenda é comandada pelo Congresso, que busca, agora, unificar as propostas que tramitam na Câmara e no Senado, por meio de comissão mista já instalada, sem que o Ministério da Economia tenha apresentado sua proposta ou ideias a respeito.


Prossegue a desarticulação política, com conflitos com governadores e parlamentares, além de pronunciamentos desastrados e polêmicos do presidente. Março será mês decisivo para o Governo: há chance de recomposição e retomada da agenda, mas isso vai exigir iniciativas e ações que até aqui não aconteceram. 


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