Custos logísticos

A baixa qualidade da malha rodoviária é uma das responsáveis pelo aumento dos gastos

Por: Da Redação  -  21/12/19  -  18:14

A precária malha rodoviária é responsável pelo aumento dos custos logísticos no País. Não é o único fator - conta também a alta dos congestionamentos nas grandes cidades, entre outros, fazendo com que o custo de distribuição de cargas no perímetro urbano represente 25% da receita bruta das empresas - mas, indiscutivelmente, tem grande peso no tema.


A baixa qualidade das rodovias é consequência da redução de investimentos públicos em obras de conservação e manutenção. Hoje, 90% da malha pavimentada nacional está sob a responsabilidade direta da União e dos Estados, e o estado geral dela é ruim: recente pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) mostrou que há problemas em 59% da extensão dos trechos avaliados, dois pontos percentuais acima do levantamento do ano anterior.


Os números impressionam: as inadequações do pavimento resultaram em elevação do custo operacional do transporte em 28,5%, sendo que 931,8 milhões de litros de óleo diesel são consumidos desnecessariamente, representando dispêndio adicional de R$ 3,3 bilhões para as transportadoras.


Em 2018, R$ 7,48 bilhões foram gastos em obras de infraestrutura rodoviária de transporte, mas seriam necessários R$ 38,6 bilhões para recuperação das estradas com ações emergenciais de manutenção e reconstrução. Diante desse quadro, que afeta diretamente o desenvolvimento econômico nacional, é preciso investir maciçamente no setor, com máxima urgência.


As limitações dos orçamentos públicos impedem que esse objetivo seja alcançado por ações da União e dos Estados. É fundamental, portanto, ampliar o processo de transferência da malha rodoviária pública para a iniciativa privada. Hoje, apenas 20 mil quilômetros de estradas estão sob a administração privada, sendo que cerca de metade dos trechos é da União e a outra metade dos Estados, sendo que São Paulo responde por 80% dessa parcela.


Os planos atuais são ambiciosos. Várias concessões devem ocorrer, aumentando a participação privada de 15% da malha federal para 30%. Até o final do primeiro trimestre de 2020, há duas importantes licitações previstas: em São Paulo acontecerá o maior leilão do País, entre Piracicaba e Panorama (MS), com 1.273 km, e investimentos de R$ 14 bilhões; e a União anuncia a licitação de 220 km da BR-101, em Santa Catarina, com investimentos de R$ 6,5 bilhões.


No segundo semestre, deve ser licitado o lote de rodovias do litoral paulista, com R$ 3 bilhões em obras, além de R$2,8 bilhões para operação e implantação de modernos serviços na Mogi-Bertioga, Mogi-Dutra e da Padre Manoel da Nóbrega-Cônego Domênico Rangoni.


É importante que as concessões prossigam e sejam ampliadas. É, de fato, a maneira adequada e justa para resolver os gargalos rodoviários no País e reduzir desperdícios e custos logísticos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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