Existe fundada preocupação com o avanço da pandemia entre os excluídos - moradores de rua, bem como aqueles que vivem sub-habitações, como favelas, cortiços e palafitas - além dos que sobrevivem com bicos, na mais absoluta informalidade. São pessoas que não conseguem manter o isolamento preconizado pelas autoridades, uma vez que moram apinhados em cômodos exíguos e insalubres, e que não têm condições mínimas de acesso à higiene básica.
A crise as atinge também no aspecto financeiro: no caso dos informais, sem ganhar nada diariamente por seu trabalho, não terão como comprar comida e itens básicos de sobrevivência. Sem reserva alguma, mais de 40% dos brasileiros estão nessa situação. É fundamental que sejam implementadas, sem demora, medidas compensatórias, como o anunciado pagamento de R$ 600 mensais a pessoas em tais condições, que devem ser pagos por todos os meios possíveis, incluindo programas sociais a que elas têm acesso, fazendo com que os valores sejam depositados nas contas e sacados com os respectivos cartões.
Não basta, porém, o auxílio econômico. As comunidades carentes dos centros urbanos constituem aglomerados de moradias que não possuem serviços básicos, principalmente saneamento, o que as torna extremamente vulneráveis ao avanço da doença, agravando o risco de rápida proliferação da epidemia entre aqueles que ali vivem.
Cuidar das famílias excluídas da sociedade é tarefa primordial nesse difícil momento e o grande desafio que se coloca no combate à pandemia. Nesse sentido, devem ser organizados, pelos poderes públicos, brigadas que possam atendê-las, contando com o voluntariado dos que se disponibilizarem para ajudar. A solidariedade é fundamental, e precisa ser incentivada, de maneira a garantir a sobrevivência de muitos dos excluídos, bem como prover assistência médica aos doentes.
As prefeituras possuem cadastros e podem monitorar, identificar e alertar os problemas, que irão variar de acordo com cada localidade. A emergência se justifica e, além dos cuidados que vêm sendo tomados, como priorizar aos grupos de risco (idosos e doentes), auxiliar empresas para evitar falências e desemprego em massa, promover o isolamento social, com fortes restrições à circulação de pessoas nas ruas e em locais públicos, impõe-se o dever de cuidar daqueles que mais sofrem, e irão ser duramente atingidos com a propagação do coronavírus.
Dessa forma, quanto mais rápidas e eficazes foram essa medidas, maior a garantia que as dificuldades serão superadas. Apesar do elevado custo social, a subsistência das pessoas não será comprometida de maneira irremediável. A gravidade da crise exige esforços de todos - poder público, sociedade, empresas - e a solidariedade deve prevalecer, principalmente em relação aos mais pobres e desassistidos.