Cubatão completa 70 anos

A data é importante e merece ser comemorada, mas o município precisa avançar, solucionando problemas sociais e de infraestrutura

Por: Da Redação  -  09/04/19  -  14:51

Cubatão comemora hoje 70 anos de emancipação político-administrativa. Durante muito tempo foi uma pequena comunidade rural, ponto de passagem no tráfego entre o Planalto e o Porto de Santos. No século 20, embora ainda como distrito pertencente à cidade de Santos, sua localização estratégica - nó de circulação, passagem obrigatória dos diferentes sistemas de circulação planalto-litoral-fez com que fosse escolhida para sediar um dos mais importantes complexos industriais do País.


Houve, na área do atual município de Cubatão, de forma esparsa e desarticulada, olarias e engenhos de açúcar desde os primórdios da colonização portuguesa, mas a primeira indústria ali implantada foi um curtume, cuja data de instalação é incerta (1895 ou 1910), seguido pela Companhia Santista de Papel, de 1918. O grande salto de desenvolvimento aconteceu, porém, quando foi tomada a decisão de ali implantar a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), exatamente no mesmo ano da emancipação da cidade (1949).


O crescimento foi vertiginoso. Nos anos 1950, além da RPBC, várias indústrias petroquímicas foram instaladas em Cubatão, e na década seguinte a siderurgia, com a COSIPA, além de várias fábricas de fertilizantes, que se desenvolveram nos anos 1970. O complexo industrial se tornou um dos mais importantes do Brasil, mas as condições de vida na área se degradaram fortemente, em função da poluição e da absoluta falta de preservação ambiental, surgindo daí o depreciativo título de Vale da Morte.


Cubatão não se beneficiou das grandes vantagens trazidas pelo complexo industrial. Os empregos de maior remuneração foram ocupados por pessoas que nunca moraram na cidade, que foi apenas dormitório daqueles que ocupavam funções subalternas, além de abrigar grandes contingentes de migrantes que trabalharam nas obras de construção e expansão das fábricas ali existentes.


O passivo ainda é enorme, com áreas irregulares ocupadas, e milhares de pessoas vivendo em condições precárias. Toda a grande arrecadação que o parque industrial proporcionou durante várias décadas não foi aplicada em benefício da população local, e hoje, com o encerramento da produção de aço na Usiminas (antiga COSIPA) e a crise que atingiu as indústrias locais, a situação se agravou ainda mais.


Cubatão chega aos 70 anos com muitos desafios. É data importante, que merece ser comemorada, mas o município precisa avançar, solucionando problemas sociais e de infraestrutura - a urbanização da Vila Esperança, anunciada pela Prefeitura, é bom exemplo disso -, mas as indústrias ali instaladas precisam participar de modo efetivo, seguindo preceitos de responsabilidade social e ambiental, e integrar-se ao esforço de construir uma cidade moderna e que responda aos anseios da comunidade que lá vive e trabalha.


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