Crise na cultura

Com o fechamento de teatros, cinemas, casas de espetáculos, além de bares e restaurantes com música ao vivo, interrompeu-se totalmente a produção artística no País

Por: Da Redação  -  12/04/20  -  23:05

Um dos segmentos mais afetados pela crise provocada pela covid-19 é o da cultura. Com o fechamento de teatros, cinemas, casas de espetáculos, além de bares e restaurantes com música ao vivo, interrompeu-se totalmente a produção artística no País, deixando empresas em situação muito difícil e artistas sem nenhuma fonte de renda. Muitos deles são autônomos, vivendo do seu trabalho diário, que deixou de ser realizado. 

Cálculos da Fundação Getúlio Vargas Projetos indicam perdas de R$ 46,5 bilhões no setor da cultura e indústria criativa em 2020, com encolhimento de 24%, considerando que haverá três meses críticos - abril, maio e junho - e posterior gradual recuperação até dezembro, quando estariam retomados os patamares anteriores à crise.

A atividade cultural depende de aglomerações públicas, hoje vedadas, e que voltarão muito lentamente. As fontes principais de receita do setor estão nas bilheterias e em verbas de patrocínio e anunciantes, que se retraíram no momento. A extensão do fechamento é absoluta: além de salas de cinema, teatros e casas de shows, estão sem atividade museus, feiras literárias, festivais musicais e de dança, com suspensão de produções audiovisuais e da abertura ao público de livrarias.

O cenário é muito preocupante. Associações dos vários segmentos têm se mobilizado para solicitar ao Governo Federal e ao BNDES medidas como abertura de linhas de crédito e liberação de recursos atualmente congelados. Destaque-se que os aportes federais à cultura já vinham caindo nos últimos anos: os valores desembolsados pelo Fundo Nacional de Cultura (FNC) caíram de R$ 345 milhões em 2010 para R$ 26 milhões em 2014 e apenas R$ 990 mil no ano passado.

Como ação emergencial, o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais da Cultura solicitou a liberação dos recursos bloqueados do FNC e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Especialistas calculam em cerca de R$ 1 bilhão o volume de projetos já selecionados em editais do FSA, que aguardam apenas a contratação. Não há, porém, indicações concretas que isso venha ocorrer pela Secretaria Especial da Cultura.

O papel da nova secretária, Regina Duarte, é muito importante nesse momento. Conhecedora da área, e sensível ao problema, deve empenhar-se para buscar soluções. Sabe-se, entretanto, que, diante dos gastos públicos com saúde e de socorro financeiro emergencial a empresas e trabalhadores, será difícil atender à cultura, realidade que se estende aos governos estaduais e municipais.

A cultura emprega centenas de milhares de pessoas no Brasil e é atividade essencial na vida de todos. É preciso, portanto, buscar alternativas, que envolvem também empresas e seus patrocínios, que devem voltar rapidamente, de modo a evitar o colapso total do setor, com graves prejuízos sociais. 


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