Crise na América Latina

Vários países enfrentam protestos e manifestações nas ruas. Caso mais notável é do Chile, porém há agitação política na Bolívia, no Peru, no Paraguai e na Argentina

Por: Da Redação  -  26/10/19  -  12:05
Atualizado em 26/10/19 - 12:06

Vários países da América Latina enfrentam protestos e manifestações nas ruas. O caso mais notável é do Chile, onde a situação continua grave: o pacote social anunciado pelo presidente Sebastián Piñera não foi suficiente para acalmar os ânimos, e os confrontos com as forças de segurança continuam, com saldo de 18 mortos até a última quinta-feira. As eleições na Bolívia provocaram reações também violentas; há agitação política no Peru e no Paraguai; e na Argentina, às vésperas do segundo turno presidencial, a insatisfação é geral, com inflação disparando e crescimento negativo.


Há fatores particulares e específicos nos vários países convulsionados, mas um traço é comum a todos: a América Latina é a região do mundo com pior desempenho em termos de produção econômica. Analistas apontam a absoluta falta de crescimento, agravando a situação política e social. Isso atingiu o Chile, país que se destacou nos últimos anos, sendo citado como exemplo de boas políticas macroeconômicas. Lá, apesar disso, a população, em geral, se ressente com a desigualdade de renda e o alto custo de vida.


Em 2019, as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) são de expansão do PIB de apenas 0,2% na região, bastante inferior ao número anunciado há seis meses, que era 1,4%. E o crescimento pode ser ainda menor, uma vez que tais previsões foram feitas antes das turbulências no Chile e na Bolívia.


Há casos dramáticos, como o da Venezuela, onde a economia deve encolher 30% neste ano, em colapso de magnitude inédita na América Latina. A Argentina também apresenta uma situação muito grave: sua moeda perdeu 33,5% do valor neste ano, a economia nacional teve contração de 5,8% no primeiro trimestre de 2019, depois de cair 2,5% no ano passado, e em 2018 três milhões de argentinos passaram à condição de pobreza. 


A pergunta sobre o que existe de errado na América Latina compreende uma série de respostas e explicações, que convergem em um ponto: políticas econômicas equivocadas, como incapacidade de diversificação em relação às exportações de commodities, a falta de investimento em infraestrutura e a não inserção nas cadeias de produção global. Aos erros na economia somam-se outros fatores, que de certa forma os explicam: altos níveis de corrupção, falta de prioridade à educação e fragilidade do Estado de direito.


O cenário não é animador para os próximos cinco anos. O FMI prevê que todo o continente irá crescer abaixo da média dos países emergentes, sendo que Argentina e México terão desenvolvimento inferior ao que se projeta para os países ricos, que deverá ser bem mais reduzido. O Brasil, neste quadro, oferece perspectivas melhores, especialmente a partir das reformas econômicas, mas seu crescimento mais vigoroso depende da continuidade e aprofundamento delas. 


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