Criptomoedas, libra e os bancos

O Facebook e seus sócios terão que negociar e ceder a regulações para poderem ganhar o mercado

Por: Da Redação  -  21/07/19  -  21:54

O próximo ano será decisivo para o setor financeiro, que poderá experimentar verdadeira revolução, semelhante ao que se vê com os aplicativos nos meios de transportes, e na hotelaria. Em 2020, o Facebook lançará a libra, sua criptomoeda. A ideia envolve parcerias de empresas de finanças digitais, como o PayPal, e tradicionais operadoras de cartões de crédito, além do streaming de música Spotify e o app de motoristas Uber. O que agita o mercado é a criação da Calibra, ferramenta que vai transacionar as libras. A ideia é utilizar o WhatsApp e Messenger, controlados pelo próprio Facebook. São meios eficientes e baratos.


Hoje, o sistema convencional é dominado pelos bancos, poderosos pelo volume de recursos que movimentam e pela rede de influência nos parlamentos e governos. Agora está vulnerável à tecnologia, que ainda não atingiu ponto de equilíbrio e, por isso, continua evoluindo e uma nova podendo matar a imediatamente anterior. O Facebook não convenceu muito com a pluralidade em sua associação de empresas aliadas. Está bem claro que a rede social é a protagonista da libra, dominando os meios de transações, e contando com as técnicas que cada um de seus parceiros pode dar. 


O setor bancário está preocupado, mas tudo é business. Se acharem um meio de se associarem caso prevejam a decadência dos negócios, seus acionistas não titubearão em participar dos novos modelos do mercado financeiro. Os grandes adversários nessa fase inicial da moeda são os políticos. A começar pela necessidade de angariar impostos para sustentar governos gastadores e altamente endividados, como no Brasil, Japão, França e Estados Unidos. 


Meios disruptivos (inovações tecnológicas que fulminam formatos consolidados de mercado) conquistam o público pela praticidade e preço baixo. Uber e Airbnb cresceram porque podem ser controlados pelo celular e permitem identificar opções econômicas. Se essas vantagens não forem dadas, a libra e suas concorrentes não deslancharão. Os políticos estão incomodados também com eventual poderio do Facebook. A rede social tem um impacto devastador na política tradicional de forma ética ou não com a difusão de ideias de grupos antes sem repercussão. Podem ser bem-intencionadas ou manipuladoras e às vezes criminosas - que agora viralizam e são transformadas em votos. E tiram do poder elites que antes se revezavam.


O Facebook e seus sócios terão que negociar e ceder a regulações para poderem ganhar o mercado. A revolução tecnológica gera medos, inclusive de que a rede social se torne mais poderosa que democracias e governos autoritários. Resta descobrir se as atuais transações anônimas de criptomoedas via blockchain, sistema onde todos veem as operações protegidas sob códigos, mas sob suspeita do mundo convencional, vão sobreviver ou derrotar a libra.


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