Uma das consequências do envelhecimento da população, fenômeno em curso no mundo e no Brasil, é o prolongamento da vida ativa das pessoas. Elas vivem cada vez mais, e estão aptas a participar do mercado de trabalho durante período de tempo mais prolongado. Nesse sentido, vale destacar que a reforma da Previdência aprovou o estabelecimento de idade mínima para aposentadoria - 65 anos para homens, 62 para mulheres. Há nessa mudança a preocupação com o equilíbrio fiscal do sistema, mas ela indica também fato social inegável, que é o prolongamento das carreiras profissionais de todos.
Faltam oportunidades de trabalho para aqueles que ultrapassam certos limites de idade. Um dos grandes desafios do século 21 é assegurar empregos de qualidade aos mais velhos. Isso é ainda mais difícil diante das transformações tecnológicas cada vez mais aceleradas, que extinguem profissões e exigem qualificação intensiva da mão de obra.
A experiência, entretanto, é importante ativo, que as empresas começam a descobrir e valorizar. Já há companhias que criaram programas voltados a profissionais maduros, que passaram dos 50 anos, com o objetivo de atrair aqueles que estejam aposentados ou atuando de forma independente no mercado de trabalho. A Unilever selecionou, no final de agosto, cinco profissionais com mais de 55 anos na categoria de estagiários, para atuar em projetos em andamento.
A expectativa da empresa é que eles tragam ideias diversificadas, que nascem da experiência. O programa foi concebido para atrair pessoas mais velhas, que estão fazendo cursos de graduação, fato que revela seu interesse e disposição para estudar e aprender novas tecnologias, e permite a contratação por meio de estágio.
A Philips é outra companhia que se abriu para profissionais seniores no segundo semestre deste ano, com a expectativa que 20% das vagas de estagiários sejam preenchidas por pessoas mais velhas.
Os estágios são o primeiro passo, mas é preciso ir além, e ser estendida ao setor público, que normalmente tem regras de aposentadoria compulsória a partir de certa idade. As oportunidades e chances precisam crescer, e já há relatos de consultoria de recursos humanos bastante favoráveis. Eles concluem que executivos com mais de 55 anos têm mais calma e equilíbrio, alto nível de inteligência emocional, bastante experiência, sem a ansiedade de crescer rapidamente nas empresas.
Há, portanto, vantagens em contratar pessoas mais velhas. Estas, por sua vez, encontram no trabalho produtivo incentivo e motivação para viver, além da necessária remuneração, que aposentadorias não conseguem proporcionar. É fundamental, portanto, que o trabalho seja estendido à terceira idade como fator de desenvolvimento das empresas e valorização individual.
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna.
As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
