Crescimento ainda distante

Retomada do desenvolvimento depende de outras ações, como a simplificação do sistema tributário e a melhoria do ambiente de negócios

Por: Da Redação  -  30/06/19  -  11:58

Economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) deixaram claro que a reforma da Previdência é indispensável e sua não aprovação seria desastrosa, mas que a mudança no sistema de aposentadorias não levará, de modo isolado e imediato, a uma aceleração significativa do crescimento.


A retomada do desenvolvimento depende de outras ações, como a simplificação do sistema tributário e a melhoria do ambiente de negócios, capazes de aumentar a previsibilidade e a confiança. Enquanto nada disso acontece, o país continua mergulhado em dificuldades. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para baixo suas projeções para o PIB neste ano, apontando que ele deverá crescer apenas 0,8%, bem abaixo dos 2% previstos pelo próprio órgão em março.


O emprego formal registrou o pior desempenho para o mês de maio em três anos, e foram criadas em todo o país somente 32,1 mil vagas com carteira assinada. O resultado ficou abaixo da mediana das projeções de mercado, que era de 70 mil vagas, e, de oito setores que são acompanhados, três tiveram saldo negativo: comércio, indústria de transformação e serviços industriais de utilidade pública. Nas demais áreas, o crescimento foi muito pequeno, como na indústria extrativa mineral, com mais 627 postos de trabalho formais, 1.004 na administração pública e 2.533 nos serviços.


O cenário é preocupante. O Banco Central, em estudo recente, reconhece que desempregados por longo período, como é o caso do Brasil atual, têm menos chance de voltar ao mercado de trabalho e, quando conseguem se ocupar, recebem rendimentos até 13,6% menor do que os desocupados de curta duração.


Na Baixada Santista, os números do emprego formal foram igualmente decepcionantes. Em maio foram perdidos 1.199 empregos com carteira assinada, mais do que o registrado no mesmo mês de 2018 (1.061 vagas a menos). No acumulado do ano (janeiro a maio), o resultado continua negativo, com 1.969 postos de trabalho perdidas, um pouco melhor do que em 2018 (quando foram canceladas 2.447 vagas), mas longe de representar melhora efetiva da situação.


Em Santos, que é o principal polo empregador regional, foram suprimidos 548 empregos com carteira em maio e o saldo acumulado neste ano segue negativo (-868 vagas), em situação bem pior do que em 2018. No ano passado, entre janeiro e maio haviam sido geradas 96 vagas, e maio apresentou um desempenho positivo (mais 99 postos de trabalho formais).


O desânimo é grande. O fechamento de estabelecimentos comerciais de tradição, notadamente no Centro da cidade, é sinal evidente das atuais dificuldades. Elas existem em nível nacional, sem dúvida, mas se traduzem, de maneira dramática, na Baixada Santista, exigindo reação urgente.


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