Construção civil e a atual crise

Avanço da Covid-19 afetou momento em que o setor começava a reagir após crise de 2014/2015

Por: Da Redação  -  03/05/20  -  12:56

As apostas eram que 2020 representaria inflexão nas atividades da construção civil e dos negócios no mercado imobiliário. Após um período de forte retração, iniciado em 2014/2015, que provocou a paralisação de obras e grande desemprego, o setor começava a reagir, com aumento nas vendas e maiores investimentos públicos. O panorama econômico permitia vislumbrar o crescimento moderado e a recuperação, com maior estabilidade, juros mais baixos nos financiamentos e reequilíbrio nas contas públicas.  


Tudo isso foi alterado, de modo rápido, intenso e dramático, com o avanço da covid-19 a partir de março. O isolamento social reduziu a atividade econômica, fechou plantões de venda em empreendimentos, paralisou lançamentos. Obras em andamento não foram suspensas, mas sofreram restrições, caindo sua produtividade. Medidas para evitar aglomerações e o afastamento de trabalhadores com mais de 60 anos ou portadores de doenças crônicas afetaram o ritmo que era desenvolvido.  


O cenário é mais preocupante em relação a obras públicas. Apesar de programas de reativação econômica como o "Pró-Brasil" lançado na última semana, com investimentos públicos de R$ 30 bilhões em infraestrutura até 2022, e a continuidade das concessões ao setor privado, é certo que os governos (especialmente os municipais e estaduais) terão enormes dificuldades em2021, sendo esperada retração no interesse por leilões em portos, ferrovias, rodovias e aeroportos.  


No Seminário 2020 da Indústria da Construção Civil - Santos e Região, promovido pelo Grupo Tribuna realizado de modo virtual (como um webinário), foram salientados problemas e saídas para a atual crise. O economista-chefe do Secovi, o Sindicato da Habitação, comentou sobre pesquisa que aponta que a queda estimada nas vendas será agora entre 21% e 23%, inferior ao registrado na crise de 2008, quando ela atingiu 45%. Segundo ele, o mercado irá retomar fôlego de forma gradual, com empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida à frente, e com a demanda reprimida dos compradores de média e alta renda.  


A crise exige soluções inovadoras e criativas. De um lado, a Caixa Econômica Federal vem tomando medidas de apoio, como antecipação de recursos às construtoras em obras ainda não iniciadas e a suspensão provisória de pagamentos, tanto das pessoas físicas como jurídicas, de contratos de financiamento. De outro, as empresas vêm inovando, oferecendo seus empreendimentos à venda por meio da internet (as webvendas) e ampliando o uso da tecnologia da informação em suas atividades.  


As dificuldades são reais e a retomada não será imediata, mas as empresas do setor têm expertise e capacidade para reagir, e seu produto será fortalecido diante de outros ativos financeiros no pós-crise. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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