Commodities caem

Próximas semanas serão de grande tensão nos mercados mundiais, afetando países exportadores de commodities para a China, e provocando oscilação nas Bolsas de Valores

Por: Da Redação  -  05/02/20  -  19:05

Apesar de todos os esforços realizados pela China, a epidemia de coronavírus se espalha pelo país. Já há mais de 400 vítimas fatais, e o número de casos confirmados em todo o mundo passa de 20.000. Especialistas avaliam que, embora a letalidade deste vírus seja menor do que outros semelhantes, a facilidade de contágio faz com que ele se propague rapidamente, atingindo populações maiores.


Esses números ainda crescerão ao longo do primeiro trimestre do ano, não obstante as ações chinesas, estabelecendo quarentena em região com milhões de habitantes e construindo hospitais para o atendimento dos doentes em dez dias. 


Os efeitos econômicos começam a ser notados em todo o planeta. Commodities, como petróleo e minério de ferro, tiveram fortes quedas. O petróleo tipo Brent fechou no início desta semana em queda de 3,8%, sendo o barril cotado a US$ 54,45, a menor cotação desde janeiro de 2019, e representando a maior baixa mensal em 30 anos. Em 2020, a cotação do barril caiu 17,92%.


O mesmo acontece com o minério de ferro, principal componente na fabricação de aço, que é um dos principais produtos da balança comercial brasileira. Ele tem sido negociado a US$ 80 a tonelada, o mais baixo valor em um ano, sendo a perda acumulada em 2020 de 13%. Destaque-se que a China é a maior fabricante de aço no mundo e o principal destino das exportações de minério de ferro do Brasil.


As incertezas no mercado mundial continuam. Não há perspectiva de solução rápida para a epidemia, mesmo considerando os avanços na tentativa de produzir vacinas contra o coronavírus. O pessimismo no curto prazo é grande, e foram afetadas também outras commodities metálicas, como cobre, alumínio e níquel, que vêm registrando perdas há uma semana na Bolsa de Metais de Londres.


Há expectativas que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) determine cortes na produção, de modo a evitar quedas maiores na cotação do barril de petróleo. O consumo de combustíveis na China já caiu 20% desde o surgimento do surto, e os grandes importadores chineses de gás natural liquefeito (GNL) avaliam declarar força maior para suspender as entregas já contratadas por conta da queda no consumo interno. 


Representantes da Opep e aliados estão discutindo medidas para reverter a desvalorização do óleo, que podem significar redução temporária de 500 mil a 1 milhão de barris diários, fato que se agrava ainda mais com o abundante suprimento de shale gas (petróleo de xisto) dos Estados Unidos.


As próximas semanas serão de grande tensão nos mercados mundiais, afetando países exportadores de commodities para a China, e provocando oscilação nas Bolsas de Valores. Conter a epidemia é prioridade global para que milhares de vidas sejam salvas e o mundo não enfrente graves dificuldades econômicas.


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