Chuvas alagam todas as cidades

Na Baixada Santista, o caos se instalou, deixando pessoas desabrigadas, com queda de árvores, deslizamentos e a água da chuva invadindo prédios

Por: Da Redação  -  12/02/20  -  09:39

As chuvas torrenciais que atingiram o Estado de São Paulo a partir da noite do último domingo causaram graves problemas. A cidade de São Paulo acabou inundada na segunda-feira (10), com o trânsito paralisado nas marginais e bairros isolados. Os rios Pinheiros e Tietê transbordaram, ruas e avenidas foram alagadas, escolas suspenderam aulas, muitas pessoas não conseguiram chegar a seus locais de trabalho e serviços públicos foram interrompidos. Foi o segundo maior volume de chuvas para o mês de fevereiro em 77 anos, e a oitava maior precipitação acumulada em 12 horas da história.


Lojas e shoppings paulistanos ficaram fechados, já que muitos funcionários não foram trabalhar, e houve relatos de empresas que perderam seus estoques e comércios que tiveram os negócios reduzidos pela falta de clientes. O movimento nos restaurantes foi reduzido à metade, e a estimativa preliminar é que os prejuízos no setor privado devem passar de R$ 140 milhões.


Felizmente, não houve mortes na tragédia das enchentes, exceto em Botucatu, no interior do estado, onde um motorista de caminhão faleceu ao cair com o veículo em cratera que se abriu na rodovia Marechal Rondon, havendo ainda o registro do desaparecimento de casal levado pela enxurrada quando tentava passar sobre a ponte do rio Capivara, na rodovia Alcides Soares. 


Na Baixada Santista, o caos se instalou, deixando pessoas desabrigadas, com queda de árvores, deslizamentos e a água da chuva invadindo prédios. A entrada de Santos sofreu com os alagamentos e o tráfego ficou muito difícil nas Avenidas Nossa Senhora de Fátima e Martins Fontes. Em Peruíbe, 37 pessoas ficaram desabrigadas; em São Vicente, 15 no Morro dos Barbosas; moradias foram interditadas após escorregamentos de terra na Vila Edna e Vila Baiana.


O verão, época das chuvas, cada vez mais fortes e frequentes, se prolongará até o final de março, e é provável que novas ocorrências do tipo venham a acontecer. Os problemas não são novos ou inéditos, mas exigem novas abordagens. O aquecimento global agrava a questão, e nos próximos anos haverá chuvas mais intensas. Os projetos não mais podem estar baseados em estimativas máximas do passado, e as exceções se tornam cada vez mais a regra.


Autoridades, técnicos e a sociedade precisam repensar os atuais modelos. Obras de maior porte são necessárias e urgentes (e descartadas quando as chuvas cessam), mas elas, de modo isolado, não resolverão o drama. É preciso buscar soluções sistêmicas, desenvolvidas o ano todo, com ações de adaptação ao clima, como diminuir a impermeabilização do solo nas cidades e devolver as várzeas aos rios, além de medidas simples e eficientes, como desentupir bueiros e bocas de lobo, melhorar a microdrenagem e educar a população para não jogar lixo nas ruas. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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