Centro de Santos, nova proposta

Revitalização e reocupação da região central de Santos dependem de um projeto vigoroso, como o apresentado pelo escritório do urbanista curitibano Jaime Lerner

Por: Da Redação  -  06/07/19  -  12:34

A revitalização e reocupação da região central de Santos dependem de um projeto vigoroso, como o apresentado pelo escritório do urbanista curitibano Jaime Lerner, mas também de uma série de medidas do setor público. O principal é dar partida - já - a uma iniciativa que avance de um governo a outro, porque já foram perdidas duas décadas de debates de soluções sem efeitos profundos. No campo da execução, o essencial é investir na infraestrutura, basicamente o transporte público e as ruas hoje mal cuidadas, e dar um destino aos inúmeros casarões abandonados e sob risco de despencarem sobre os pedestres. Sem a percepção de que o poder público recupera uma área degradada, investimentos da iniciativa privada, consumidores e moradores não voltarão aos bairros centrais.


A estagnação da economia e a queda da arrecadação pesam contra o investimento público, mas programas com vantagens ao empresariado, principalmente construtores e, em um segundo momento, varejistas, podem ajudar a bancar espaços em troca da exploração dos mesmos e do seu entorno e não apenas pela isenção fiscal, como é o caso do programa Santos Criativa, lançado no mês passado.


Uma das propostas do grupo de Lerner é transformar o Mercado e a sua bacia em complexo cultural. Mas a ideia depende de recuperar a vizinhança, uma das áreas mais degradadas da região central, hoje sujeita à insegurança e ao aspecto deteriorado e decadente. O Governo Papa aventou planos de transformar o Paquetá em uma nova área para a construção civil. Porém, os tempos eram outros, de boom imobiliário e de aposta no pré-sal. Deve-se retomar essa ideia, com reabertura de ruas e espaços públicos mais por meio de parcerias com as empresas que ali adquirirem trechos. A proposta exigirá estudos jurídicos, pois há muitos imóveis sem titularidade de tão antigos, como já foi alertado pelas autoridades a A Tribuna.


O prefeito Paulo Alexandre Barbosa e empresários devem olhar com carinho a proposta do escritório curitibano, cujo nome tem respeito internacional e trabalhos de alto impacto nos serviços públicos - os famosos corredores de ônibus de Curitiba provam isso. O projeto também chama a atenção por ter sido bancado pela Comunitas, entidade criada pela filantropia de gigantes da economia, como Rubens Ometto e Carlos Jereissati, que incluíram Santos entre as poucas cidades do País que recebem apoio na área de modernização de gestão pública.


Em uma cidade com o metro quadrado tão caro, como se pôde deixar chegar a esse ponto uma região tão extensa e vital como a central? Porém, as áreas ociosas e os preços mais baixos em relação aos da orla podem se tornar atraentes ao empreendedor. Mas ele virá se houver expectativa de remodelação, segurança e transporte acessível na região central.


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