Brexit entra em vigor, finalmente

Após anos de tentativas, saída do Reino Unido da União Europeia foi confirmada

Por: Da Redação  -  01/02/20  -  11:35

Após mais de três anos de impasse, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit, foi consumada. A ruptura foi decidida em plebiscito realizado em junho de 2016, quando, contrariando pesquisas de opinião, 51,89% dos eleitores votaram a favor da saída do bloco europeu. Desde então, o processo de retirada passou a ser negociado, sem avanços. O Brexit, inicialmente, estava previsto para 29 de março de 2019; foi depois adiado para 12 de abril, em seguida para 31 de outubro e finalmente para 31 de janeiro de 2020.


A primeira-ministra Theresa May não conseguiu, apesar de várias tentativas, aprovação do Parlamento ao plano de retirada do Reino Unido da União Europeia negociado por seu governo e foi forçada a renunciar ao cargo em maio de 2019. Boris Johnson, seu substituto, defensor intransigente do Brexit, apostou em eleições antecipadas, realizadas em dezembro, e foi bem sucedido: seu partido, o Conservador, conseguiu maioria absoluta, com 365 das 650 cadeiras. A partir daí, tudo foi mais fácil. A proposta de Johnson foi aprovada pelo Parlamento no início de janeiro, confirmada pelo Parlamento Europeu, e a partir de hoje o Reino Unido deixa, oficialmente, a União Europeia.


Mais de três anos de incertezas acabaram por cansar o eleitor britânico que, em dezembro, decidiu dar o sinal verde para consumar o Brexit. Há, entretanto, muitas dúvidas sobre o futuro. Nada irá mudar imediatamente, mas inicia-se um período de transição de 11 meses, que atravessará todo o ano de 2020, em que detalhes da saída efetiva serão negociados com a União Europeia.


A proposta de unificação da Europa surgiu após o horror da Segunda Guerra Mundial. O primeiro passo efetivo foi dado em 1957, quando França, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Alemanha Ocidental assinaram o tratado que criou a Comunidade Econômica Europeia (CEE).


Destaque-se que o Reino Unido só aderiu ao bloco e passou a fazer parte dele em 1973, demonstrando a resistência que sempre houve dos britânicos e desconfiança dos demais países, sendo histórica a oposição do presidente francês Charles de Gaulle à adesão. Consumado o Brexit agora, é preciso reconhecer que se trata de ação que enfraquece a União Europeia e a ideia da integração de países. Cresceu o nacionalismo, e a saída do Reino Unido da UE confirma esse movimento.


Ainda há muitos pontos a esclarecer. A Escócia resiste ao Brexit, e movimento separatista tende a crescer; há a fronteira entre Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) e a República da Irlanda (membro da União Europeia) a definir; os efeitos sobre a economia britânica da saída ainda são incertos, mas ela será afetada, pelo menos inicialmente, uma vez que a UE dificilmente aceitará um acordo comercial com tarifas e cotas zero, como pretende o governo de Boris Johnson. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter