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Há estimativas de que o Ibovespa possa chegar ao nível de 120 mil pontos até o fim deste ano, fazendo com que a relação entre preço e lucro chegue ao nível de 14 vezes

Por: Da Redação  -  07/10/19  -  20:42

A redução da taxa básica de juros da economia brasileira tem provocado a migração de investimentos para o mercado de capitais. Trata-se de situação inédita no País – juros mais baixos, em cenário de continuidade, combinado com empresas com alta capacidade produtiva e baixo endividamento – oferecendo potencial de lucros, ainda não totalmente incorporado aos preços das ações.


As condições são favoráveis ao crescimento das aplicações financeiras na Bolsa de Valores. Há estimativas de que o Ibovespa possa chegar ao nível de 120 mil pontos até o fim deste ano, fazendo com que a relação entre preço e lucro chegue ao nível de 14 vezes, só atingido em 2015, quando houve disparada de preços na bolsa por conta das perspectivas de substituição do governo Dilma Rousseff pelo do vice Michel Temer, considerado mais alinhado ao mercado.


Naquele momento, porém, a taxa básica de juros estava em 14,25% ao ano e a elevação da relação preço-lucro refletiu apenas a valorização pontual dos preços das ações, sem que houvesse melhora efetiva dos fundamentos das empresas e da economia do País. Agora, o quadro é distinto: a valorização é vista como resultado da melhora na estimativa do lucro das empresas.


Com o juro básico caindo abaixo de 5% ao ano (atualmente a taxa está em 5,5%, mas as apostas são de queda ainda em 2019), os investidores estão em busca de maior rentabilidade, que pode ser alcançada no mercado de ações. O movimento atual é de alta - segundo cálculos de especialistas, o Ibovespa já teria subido cerca de 35% neste ano se fossem retirados da conta Petrobras, Vale, bancos e o segmento de papel e celulose, setores que tiveram contribuição negativa e que capturaram, em vários momentos, percepção de maior risco no exterior em 2019. Enquanto isso, papéis ligados a energia e saneamento valorizaram 46,1%, transportes, 44%, e construção, 23,2%.


O investimento em ações vem crescendo nos últimos anos, mas representa parcela pequena nas carteiras dos gestores financeiros, ficando ainda bem atrás dos fundos de renda fixa. Mas isso está mudando, e esse movimento deve ser acelerado diante da menor remuneração deles. Neste ano, até setembro, os fundos de ações acumulam R$ 47 bilhões em captações, mais do que o dobro do que atraíram os fundos de renda fixa (R$ 21 bilhões), segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capital (Anbima).


Ainda há resistências ao investimento em ações. As incertezas econômicas fazem com que os riscos existam, e nota-se que fundos multimercados ainda têm exposição pequena em ações (apenas 11,6%). As aplicações tradicionais, mais conservadoras, vão permanecer, especialmente para aqueles que temem a volatilidade dos preços, mas não há dúvida de que as ações irão ocupar espaço cada vez maior no Brasil. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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