Bolsa em alta

Dados da Bolsa de Valores de São Paulo apontam que o fluxo de recursos aplicados por pessoas físicas chega a R$ 4,64 bilhões neste ano

Por: Da Redação  -  22/04/19  -  19:50

Poucos brasileiros são investidores habituais na Bolsa de Valores. As altas taxas de inflação que prevaleceram durante muito tempo no país, combinadas com as incertezas crônicas e persistentes sobre a economia nacional, fizeram com que as pessoas físicas optassem por aplicações mais seguras, como as cadernetas de poupança, ou fundos atrelados a títulos públicos.


O resultado disso foi um mercado de ações fraco e tímido, com poucas empresas arriscando-se a abrir seu capital na Bolsa, com consequências para o financiamento da produção, dependente de empréstimos e créditos bancários, que sempre cobraram juros muito altos.


Esse panorama parece estar mudando. A combinação de juros baixos em aplicações tradicionais, como os fundos, com a multiplicação de corretoras e plataformas financeiras que facilitam o acesso de investidores ao mercado, fez com que o fluxo de aplicações na Bolsa tenha atingido o maior nível em pelo menos 13 anos. Os investimentos em renda variável, embora bem inferiores aos demais existentes no país, mostram movimento expressivo que vem sustentando o mercado de ações nos últimos meses.


Dados da Bolsa de Valores de São Paulo (atual B3) apontam que o fluxo de recursos aplicados por pessoas físicas chega a R$ 4,64 bilhões neste ano (até 15 de abril). É um volume muito expressivo, principalmente quando se leva em conta que os investidores institucionais aplicaram na Bolsa R$ 1,45 bilhão no mesmo período, enquanto o fluxo de recursos estrangeiros está negativo em R$ 2,17 bilhões. Trata-se da mais alta demanda de pessoas físicas por ações desde 2006, início da série histórica analisada.


Esse movimento exprime confiança dos investidores nas empresas. Isso é muito positivo para o crescimento econômico, mas precisa ter continuidade. Uma das preocupações é que possa haver reversão das expectativas. Há fatores que indicam a sustentação do interesse, como a manutenção de juros baixos na economia e a melhor formação dos investidores, mais informados e preparados para encarar o mercado de ações, mas as incertezas políticas e econômicas podem provocar abalos e retrocessos, que exigirão longo tempo para serem revertidos.


Especialistas alertam que, no Brasil, a cultura da poupança é ainda muito baixa. O nível de poupança interna foi de 14,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, muito abaixo dos padrões internacionais. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a estimativa para o Chile no ano passado foi de 19,5%; na China chega a incríveis 44,6%. Além disso, apesar do maior esclarecimento, investimentos em Bolsa são ainda temidos pela sua volatilidade, e muitos se frustram rapidamente: entram nela em períodos de euforia que, de modo inevitável, são seguidos por quedas, que acabam vistas como perdas de patrimônio.


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