Auxílio precisa chegar a todos

Não há como fugir da realidade: são necessárias medidas emergenciais de auxílio governamental às pessoas e às empresas

Por: Da Redação  -  31/03/20  -  20:14

Embora cresçam pressões para a retomada de atividades no país - a Confederação Nacional da Indústria (CNI) se declarou empenhada em ajudar o governo a viabilizar o isolamento social vertical dos grupos de risco, enquanto os varejistas ameaçam com demissões que podem chegar a 600 mil trabalhadores, um terço do total empregado no comércio - é certo que as medidas restritivas irão continuar. 


O Ministério da Saúde apresentou plano de transição, e nele escolas e universidades permanecerão fechadas até o fim de abril, com possibilidade de extensão para maio, permanecendo o veto a eventos, cinemas, cultos e incentivo ao home office. Não parece provável, dado o aumento de casos e de mortes no país, e das experiências da Itália e Espanha, que o comércio venha a ter suas atividades restabelecidas em curto prazo e, mesmo que isso aconteça, haverá fortes restrições ao funcionamento, e os consumidores não voltarão às lojas, bares e restaurantes imediatamente.


Não há como fugir da realidade: são necessárias medidas emergenciais de auxílio governamental às pessoas e às empresas. Já houve iniciativas nesse sentido, como o pagamento de benefício de R$ 600 por três meses aos trabalhadores com renda familiar até R$ 522 por pessoa ou R$ 3.135 no total, e que pode chegar a R$ 1.200 para mulheres que sejam arrimos da família. A grande preocupação está, porém, na agilidade da Caixa Econômica Federal para viabilizar a distribuição desses recursos.


As incertezas sobre a rapidez na liberação do dinheiro também atinge as empresas. Algumas medidas, como o adiamento por três meses do pagamento do FGTS e da parcela da União no Simples Nacional são de imediata aplicação e efeito, mas o financiamento para pagamento da folha de salários será mais complicado, envolvendo inevitável negociação e burocracia junto aos bancos que irão conceder o crédito. É possível imaginar as filas e dificuldades que os pequenos e médios empresários terão que enfrentar para firmar os contratos, obter os empréstimos e o dinheiro finalmente chegar à conta dos empregados.


Há ainda lentidão em outras decisões importantes: não foi definido o pagamento de seguro desemprego aos trabalhadores com contrato suspenso por empresas por pelo menos dois meses, nem a complementação, com recursos do Tesouro, para aqueles que tiverem jornada de trabalho e salário reduzidos. 


Como destacou o economista Persio Arida, ex-presidente do Banco Central e do BNDES, a resposta do governo tem sido tímida, desorganizada e a reboque dos fatos. Segundo ele, a garantia que não faltará dinheiro para a saúde foi importante, mas muitas medidas não saíram do papel. O momento é gravíssimo, e a fome e o desespero já atingem milhares de pessoas, que precisam ser assistidas, sem demora ou hesitação.


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