Automedicação

Pesquisa do Instituto Datafolha, por encomenda do Conselho Federal de Farmácia (CFF), revelou que a maioria dos brasileiros tem o hábito de usar remédios por conta própria

Por: Da Redação  -  04/05/19  -  20:37

Pesquisa do Instituto Datafolha, por encomenda do Conselho Federal de Farmácia (CFF), revelou que a maioria dos brasileiros tem o hábito de usar remédios por conta própria. O levantamento, que entrevistou 2.074 pessoas de todas as regiões do País, mostrou que 77% dos que usaram remédios nos últimos seis meses disseram que se automedicam, sem buscar prescrição médica. 


Medicamentos contêm ingredientes que podem causar danos à saúde quando não corretamente utilizados. Não são inofensivos ou inócuos e, usados de maneira inadequada (principalmente excessiva), agravam doenças ou trazem intercorrências graves.


Há no Brasil a cultura da automedicação. Ela é agravada pela dificuldade de acesso aos médicos, para o diagnóstico inicial ou para retirar dúvidas sobre prescrições estabelecidas. Consultas rápidas, em que o médico mal olha para o paciente (frequentes na rede pública e no atendimento dos planos de saúde privados), fazem com que os pacientes não entendam o tratamento indicado, muito menos a dosagem e a frequência com que os remédios devem ser tomados. 


A pesquisa revelou ainda que 57% das pessoas entrevistadas já alteraram a dosagem do medicamento prescrito. 37% disseram ter diminuído a quantidade (e isso ocorre especialmente com doentes crônicos, como diabéticos e hipertensos, que, sentindo-se melhores, relaxam os tratamentos), enquanto 17% oscilam, aumentando e diminuindo a dosagem do remédio, de acordo com os sintomas notados nos dias seguintes à sua ingestão.


40% das pessoas disseram ter deixado de usar remédios que foram receitados, e os motivos são vários: eles seriam “muito fortes” para alguns; teriam acontecido “reações indesejadas” para outros; e muitos têm a crença de “já estavam curados”. Não há o retorno ao médico para esclarecimentos e dúvidas (33% declararam agir assim), e recorrem a bulas e a internet como fontes de informação. 


A questão se agrava quando se trata de antidepressivos e ansiolíticos, que não podem ter o seu uso interrompido ou alterado, tendo em vista os efeitos que causam nos pacientes. E preocupa especialmente o consumo de antibióticos: 42% disseram ter utilizado esse tipo de medicamento nos últimos seis meses.


Em relação aos remédios que não exigem prescrição médica, familiares, amigos e vizinhos são os principais influenciadores na escolha deles (25% das respostas), seguido por indicações das farmácias (21%), que muitas vezes são feitas por atendentes, sem formação e experiência na área. 
O problema é grave e exige mudanças. Campanhas de esclarecimento sobre os riscos da automedicação devem ser intensificadas, ao mesmo tempo em que médicos e profissionais de saúde devem buscar ser mais assertivos e acessíveis nas prescrições e no esclarecimento das dúvidas da população sobre o uso de remédios. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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