Atrás em tecnologia

Constatação é que investimento em pesquisa e inovação é muito baixo no país, tanto em setores de alta como de baixa intensidade tecnológica

Por: Da Redação  -  01/07/19  -  21:50

A baixa competitividade e produtividade são graves impeditivos ao desenvolvimento nacional. O Brasil tem perdido espaço no cenário global, com participação cada vez menor no comércio, notadamente entre manufaturados. E isso está ligado ao atraso tecnológico do país, presente em praticamente todos os setores produtivos.


Isso foi demonstrado por estudo realizado no Núcleo de Estudo Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (USP), mostrando que quase todos os setores relevantes para o desenvolvimento da economia estão distantes da chamada “fronteira tecnológica”.


O conceito de “fronteira” é definido pela taxa média de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) dos países da OCDE, entidade que reúne as economias mais avançadas do mundo, cujos gastos representam 80% dos gastos com P&D. De 37 segmentos que foram analisados, o Brasil ultrapassa essa fronteira em apenas cinco deles.


A constatação é que o investimento em pesquisa e inovação é muito baixo no país, tanto em setores de alta como de baixa intensidade tecnológica. Apenas se destacam a área química; a metalurgia; eletricidade, gás, água e esgoto, e dois setores intensivos em recursos naturais, que são a indústria extrativa e a agropecuária.


São reduzidos os gastos em segmentos de ponta, como informática, eletrônico e óticos (menos da metade da média dos países da OCDE, definida como a “fronteira no estudo realizado), farmoquímicos e farmacêuticos (menos de um quinto dessa fronteira) e softwares e outros serviços de informação (praticamente um sexto da fronteira).


No mundo, o desenvolvimento tecnológico é realizado principalmente por 13 setores de grupos de alta e média tecnologia, que reúnem, entre outros, a produção de aviões, o desenvolvimento de sistemas (softwares), produtos farmacêuticos, informática e eletrônicos, máquinas e equipamentos e sistemas de informação.


Em quase todos eles o investimento nacional é muito baixo, e há um detalhe importante: os aportes feitos pelo Estado são predominantes (60%), e realizados por meio de universidades públicas, autarquias e institutos de pesquisa.


No grupo dos países mais ricos, 75% dos investimentos em P&D têm origem no setor privado, o que revela forte deficiência das empresas brasileiras no setor de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. O resultado é o atraso, a perda de espaço no contexto internacional, e a redução do protagonismo nacional nos setores de destaque, capazes de gerar empregos e renda no mundo moderno.


A mudança deste quadro depende de políticas públicas e privadas. Nesse sentido, devem aumentar as parcerias entre as universidades e empresas em áreas de interesse nacional. O governo precisa ainda fortalecer, com recursos estáveis, os institutos de ponta, com papel destacado, como a Fiocruz e a Embrapa.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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