As cidades e os temporais

No Brasil, as tempestades que assolaram principalmente a região Sudeste revelam um novo padrão de eventos, que tendem a ser cada vez mais graves e frequentes

Por: Da Redação  -  11/04/19  -  13:49

Ocorrências climáticas extremas vêm se generalizando em todo o mundo. No Brasil, as tempestades que assolaram principalmente a região Sudeste no último verão e, de modo surpreendente, continuaram no início do outono revelam um novo padrão de eventos, que tendem a ser cada vez mais graves e frequentes. Como alertam os climatologistas, a causa principal está no aquecimento global – com a elevação de temperatura do planeta, que atinge os continentes e os oceanos, as chuvas têm sido mais fortes e destruidoras.


Tragédias se repetem, com vítimas fatais, destruição de residências e móveis pessoais, alagamentos em vastas áreas de cidades brasileiras que se tornaram corriqueiros. A população está ameaçada e com medo, principalmente aqueles que vivem em locais vulneráveis e perigosos, como é o caso das encostas de morros e regiões que inundam rapidamente.


Essa realidade exige reação das autoridades. Os acontecimentos desta semana no Rio de Janeiro revelaram uma série de graves problemas: redução de investimentos em obras e serviços de manutenção; mobilização precária e deficiente das equipes de atendimento às enchentes; ausência de planejamento e organização para prevenir e responder às ocorrências climáticas.


A questão não se resume ao Rio de Janeiro, porém. Praticamente todas as cidades das regiões Sul e Sudeste estão muito vulneráveis aos eventos climáticos, que não podem mais ser considerados extremos, tendo em vista sua repetição em frequência e intensidade. Impõe-se, portanto, nova postura e atitude das administrações municipais, que precisam trabalhar, durante todo o ano, em prevenção dos acontecimentos, mitigação dos seus efeitos e adaptação do ambiente urbano à nova realidade.


 As Prefeituras precisam rapidamente definir planos e prioridades, e buscar os recursos para viabilizar obras que evitem tragédias. Linhas de financiamento federais e estaduais, devem ser disponibilizadas às administrações municipais, que, por sua vez, devem se encarregar de desenvolver os projetos correspondentes. Além disso, é necessário um trabalho intenso de manutenção, especialmente na limpeza de bueiros e galerias de águas pluviais, para garantir o escoamento das águas. A população deve ser orientada para responder a programas de evacuação de áreas de risco, que exigem monitoramento permanente.


Não há como fugir do problema. Novas e violentas chuvas virão, de maneira ameaçadora e preocupante, inclusive em épocas do ano em que isso não era comum. Cabe, portanto, a mudança de postura do Poder Público, que deve priorizar o tema em suas gestões de modo efetivo, bem como o envolvimento crescente de empresas e da sociedade civil para que soluções sejam encontradas, evitando-se assim que novas tragédias venham a acontecer.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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