Articulação global contra a crise

São medidas corretas, mas insuficientes diante da gravidade da atual crise

Por: Da Redação  -  28/03/20  -  11:05
Atualizado em 28/03/20 - 11:11

A crise econômica desencadeada pela pandemia do coronavírus tem feito com que os governos de todos os países busquem formas concretas de agir para evitar o colapso econômico. Já há sinais evidentes de recessão em todo o mundo e os efeitos devem se prolongar até 2021. No Brasil, o presidente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, declarou que vê a possibilidade de crescimento do desemprego para mais de 40 milhões de pessoas em decorrência do covid-19.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou as primeiras medidas de apoio a trabalhadores e empresas, somando R$ 55 bilhões, e já discute destinar mais R$ 20 bilhões. O pacote inclui a suspensão por seis meses dos pagamentos de empréstimos contratados junto ao BNDES, no total de R$30 bilhões, a transferência de R$ 20 bilhõesdo PIS-Pasep para reforçar o FGTS, e a ampliação de capital de giro para micro, pequenas e médias empresas em R$ 5 bilhões. O Banco Central, por sua vez, anunciou medidas com impacto em R$1,2 trilhão em liquidez.

São medidas corretas, mas insuficientes diante da gravidade da atual crise. E há preocupação generalizada no cenário internacional: os líderes das maiores economias do mundo, que formam o G-20, estão injetando US$ 5 trilhões em apoio à saúde e economia, para atenuar o impacto da recessão global que parece inevitável diante da expansão da pandemia do coronavírus. 

Respostas emergenciais já estão sendo dadas por alguns países: nos EUA, um pacote de estímulo fiscal de US$1 trilhão inclui envio de dinheiro para os cidadãos e US$ 208 bilhões para garantia de empréstimos; a Alemanha aprovou US$ 600 bilhões para socorrer famílias e empresas; a Espanha tem um pacote de US$ 219 bilhões e o governo francês prometeu US$ 330 bilhões para pequenas e médias empresas e também para trabalhadores afetados como fechamento de lojas e restaurantes.

É preciso ir além das iniciativas isoladas. As respostas emergenciais são necessárias, como aconteceu na crise de 2008, mas, como destaca a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), somente o esforço coletivo internacional e coordenado permitirá enfrentar o que chama de guerra contra o coronavírus. Nesse sentido, não é exagero defender um novo Plano Marshall, alusão ao plano de ajuda posto em prática em 1947 e que permitiu a reconstrução econômica e o combate à fome e à pobreza na Europa após a Segunda Guerra Mundial.

A OCDE recomenda ações urgentes para suprimir obstáculos regulatórios a vacinas e tratamentos contra a pandemia; mais gastos públicos, feitos rapidamente para atenuar o impacto negativo da crise e acelerar a retomada; e restabelecer a confiança, evitando mais confrontos comerciais e eliminando restrições ao comércio entre os países.
 


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