Andando para trás na economia

O mais preocupante é que as projeções do FMI apontam para a piora da situação nos próximos anos, pelo menos até 2024

Por: Da Redação  -  28/04/19  -  23:56

Dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmaram o retrocesso da economia brasileira no cenário global: pelo sétimo ano consecutivo o País perde espaço. Em 1980, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional representava 4,38% do PIB global; em 2018, essa participação reduziu-se a 2,46%. A presença brasileira foi menor também entre os países em desenvolvimento e emergentes: no mesmo período ela passou de 11,91% para apenas 4,11%. Nesse grupo, o Brasil foi ultrapassado pela China, com seu fantástico crescimento a partir dos anos 1990, mas também pela Índia e Indonésia.


Levando em conta a paridade do poder de compra (PPC), que reflete as diferenças de custo de vida nos diversos países, o Brasil perdeu, em 2018, o posto de sétima economia do mundo, que mantinha desde 2005, para a Indonésia. No ranking feito com a conversão simples do PIB em dólares, o País também perdeu posição para a Itália, ficando em 8º lugar no cenário global.


O mais preocupante é que as projeções do FMI apontam para a piora da situação nos próximos anos, pelo menos até 2024, quando a estimativa é que o PIB nacional irá representar apenas 2,31% do PIB mundial. O drama não é a perda de posições em si: de fato, o avanço da China provocou a redução da participação de muitos países na economia global. O problema está na baixa taxa de crescimento brasileiro, que foi de 1% nos últimos dois anos, após enfrentar forte recessão, que provocou recuo do PIB de 3,5% tanto em 2015 como em 2016.


Desde 2010, o Brasil perdeu 0,64 ponto percentual de participação no PIB mundial, índice que é inferior apenas aos recuos registrados nos Estados Unidos e Japão, nações fortemente afetadas pela crise financeira de 2008, mas deve ser destacado que ambas são economias avançadas, com patamar muito elevado de renda per capita, e onde os indicadores sociais são menos suscetíveis a oscilações de ciclos econômicos.


Não é o caso do Brasil, cujo desafio de crescer para promover a inclusão de sua população e reduzir a miséria e a desigualdade é premente. Nos últimos anos, vários países latino-americanos, como Colômbia, Peru, Chile, Uruguai e Paraguai, melhoraram ou pelo menos mantiveram suas fatias no PIB mundial.


A economia nacional tem se baseado na exportação de commodities agrícolas e minerais, sujeitas a fortes variações de preço e mercado. A participação da indústria de transformação no PIB brasileiro caiu, em 2018, para 11%, o menor valor desde 1947. Enquanto isso, não há avanços em tecnologia, produtividade e pouca atividade na economia digital, que ganha espaço em todo o mundo. O planeta vive, cada vez mais, o crescimento dos serviços, especialmente ligados à informática. No atual ambiente, marcado pela falta de inovação, a recuperação fica difícil e cada vez mais distante.


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