Ambiente inédito

Taxas têm potencial para aumentar o nível de produtividade da economia e abrir perspectivas para novos investimentos

Por: Da Redação  -  23/10/19  -  19:54

Analistas apontam que a redução da taxa de juros no Brasil não é fato passageiro, a ser revertido rapidamente. Ao contrário, sinalizam que ela será mantida por longo período, com potencial para aumentar o nível de produtividade da economia e abrir perspectivas para novos investimentos, até agora inviáveis.


As altas taxas de juro vigentes acomodaram investidores, habituados a aplicações em títulos de renda fixa, emitidos pelo governo federal ou pelo setor privado. Era extremamente confortável e seguro recorrer a essa modalidade: basta notar que, se a taxa básica de juros se mantivesse em 14% ao ano, como em 2015 e 2016, um investimento de R$ 1.000 em título público dobraria de valor em apenas seis anos. Com a redução da taxa - há quem aposte em 4% para 2020 - os mesmos R$ 1.000 só se tornariam R$ 2.000 em 18 anos.


Para obter rendimentos maiores, há necessidade de migração para aplicações de risco. A Bolsa de Valores é um dos destinos - há hoje 1,4 milhão de investidores pessoa física, salto de 80% em relação ao fim de 2018 - mas há outras possibilidades, como fundos multimercados e fundos imobiliários.


Os juros cobrados em empréstimos ainda são altos no Brasil, mas eles tendem a cair. Há novos canais de crédito (as fintechs) que estão quebrando a lógica de um sistema bancário pesado, com margem elevada, consequência da baixa concorrência. Não é exagero admitir que o cenário de crédito mais barato provocará choque de aumento do endividamento saudável dos consumidores, como aponta a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).


O setor imobiliário será beneficiado. Nos últimos meses já foi notado o aumento nos lançamentos, vendas e financiamento imobiliário. A combinação de redução da taxa de juros, retomada da confiança dos compradores e sinais de recuperação do emprego explicam o movimento. No começo deste mês, grandes instituições financeiras reduziram o custo dos empréstimos para cerca de 7% anuais, patamar considerado suficiente para estimular a compra da casa própria.


Cálculos feitos pela Abecip, entidade que reúne entidades de crédito imobiliário, mostram que, se um mutuário conseguir dar uma entrada de 30% na compra de um imóvel, ele pagará uma prestação mensal que representa 0,4% a 0,5% de seu valor, equivalente a um aluguel.


O ambiente é novo e exige mudanças de atitude. A conta clássica - um investimento na poupança, a mais conservadora das aplicações, rendia 0,5% ao mês, livre da inflação - não é mais válida. A aposentadoria exige novas abordagens, com migração para o risco, além de favorecer a compra de imóveis para locação. A taxa média do aluguel residencial (0,4% ao mês), com correção anual pela inflação, já supera o rendimento do CDI com também juros pagos semestralmente por títulos Tesouro IPCA+ de médio prazo.


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