Agências de turismo

Com o fechamento da mais antiga companhia de viagens do mundo, setor mostra apreensão

Por: Da Redação  -  26/09/19  -  18:18

O encerramento das atividades da companhia de viagens britânica Thomas Cook trouxe surpresa e apreensão. A empresa, com 178 anos de atividade, era a mais antiga do setor no mundo, e passou a enfrentar graves problemas financeiros nos últimos anos, que a forçaram a entrar com um pedido de liquidação. Todas as subsidiárias do grupo, como as aéreas Thomas Cook Airlines, tiveram suas operações suspensas, e as reservas canceladas.  


A situação é grave, na medida em que milhares de passageiros ficaram impossibilitados de retornar às suas residências e outros tantos tiveram suas viagens de férias canceladas. Na semana passada, a empresa informou que possuía mais de 600 mil clientes no exterior, dos quais 150 mil britânicos, o que obrigou o governo do Reino Unido a realizar a maior operação de repatriação em tempos de paz. As quatro companhias aéreas da empresa deixarão de voar e seus 21 mil funcionários em 16 países serão demitidos.


O fim da Thomas Cook revela cenário de muitas dificuldades para as agências de turismo. Diante do avanço das empresas on line e das companhias aéreas de baixo custo, o espaço para a venda de pacotes turísticos foi muito reduzido. A dívida da companhia britânica atingiu 1,8 bilhão de libras, enquanto dúvidas a respeito de seu futuro prejudicaram as vendas. 


A intermediação, de maneira geral, sofre as consequências das novas tecnologias. A internet permite compras diretas em várias áreas e atividades, com vantagens para o consumidor: multiplicidade de escolha, preços menores, rapidez e eficiência na aquisição. Alguns setores resistem, como a corretagem de imóveis e o comércio varejista em geral (embora favorecendo grandes redes, que realizam vendas on line de modo crescente), mas há abalos.


Como exemplo, é cada vez menor a quantidade de lojas autorizadas a promover consertos na garantia de produtos vendidos de menor porte, especialmente eletrônicos: as fábricas orientam os consumidores a enviá-los a elas diretamente, pelo Correio, para que os reparos ou substituição sejam feitos. 


Há espaço para sobrevivência das agências de turismo. Ele está em nichos de mercado, como viagens de luxo ou turismo a países exóticos, ou no atendimento especializado a passageiros, muito mais do que a simples venda de passagens aéreas ou reservas em hotéis.  


Nos Estados Unidos, embora o número de agentes de viagem tenha caído de 85 mil para 79 mil em doze anos, essa queda não é tão dramática, e cerca de metade das viagens nos EUA são programadas e pagas no mundo físico. A empresa alemã TIU, outra gigante do setor, está em melhor situação, e sua estratégia tem sido operar no setor de luxo, e passou a ser dona de seus próprios hotéis e cruzeiros, tendo as viagens marítimas de turismo respondido por 28% de seu lucro operacional em 2018.


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