Acácio, abandono inaceitável

Resultado de falta de planejamento, da falta de zelo com o patrimônio público e do jogo de empurra entre autoridades

Por: Da Redação  -  17/07/19  -  12:21
Atualizado em 17/07/19 - 12:23

A ociosidade da Escola Acácio de Paula Leite Sampaio, em Santos, simboliza o descaso com que a educação pública tem sido tratada há tempos no País e com profunda intensidade agora devido à queda da arrecadação dos governos. No caso santista, o envelhecimento da população chega a ser utilizado como justificativa para as unidades comportas fechadas. Porém, no Acácio o vazio é resultado de falta de planejamento, da falta de zelo com o patrimônio público e do jogo de empurra entre autoridades.


O Acácio está sob responsabilidade do Governo do Estado, que o recebeu sob cessão da Prefeitura em 2013. A ideia inicial era investir R$ 9 milhões no prédio e transformá-lo em Escola Técnica Estadual (Etec) integrada ao Centro Paula Souza. Entretanto, esta última instituição diz que não tem dinheiro tanto para fazer reparos como para instalar ali a prometida Etec.


O que assusta é o mais completo silêncio das autoridades sobre as condições atuais da edificação e o futuro a ser dado a ela. Procurados por A Tribuna, Governo do Estado, Paula Souza e Prefeitura se mantiveram em silêncio. O Estado e a Prefeitura pediram à Reportagem que procurasse a instituição estadual, que não respondeu ao repórter. Por ser ela responsável pelo Acácio, sua posição indica um assombroso descaso de seus gestores perante os santistas.


O edifício da Acácio, na Rua Sete de Setembro, 14, na Vila Nova, é um projeto da Prodesan, do arquiteto Décio Tozzi, dos anos 1960. Não é preciso entender de Arquitetura para perceber o arrojo do prédio, com formas que aproveitam a luz e o calor sobre o vão livre. Segundo o site da Prodesan, ele tem sistemas especiais que valorizam a iluminação e ajudam a circular o ar, “um projeto inovador para a época”. Entretanto, isso de pouca serventia tem. Os estudantes que davam vida àquela quadra desapareceram e apenas seguranças de uma empresa terceirizada circulam pelo espaço. Há ainda o lixo junto a entrada que indica a situação de abandono, integrando-se à situação de degradação que se espalha por outros prédios da região central. Mas se deve ressaltar que se o setor público não cuida de suas instalações, como ele terá condições morais de fazer cobranças sobre o setor privado que deixa propriedades aos pedaços nas proximidades?


A alegação do Centro Paula Souza de que há falta de recursos merece atenção, afinal essa situação é comum ao ensino em todo o País. Os cortes de verbas devido à redução da receita e a péssima gestão no setor público se espalham pelo Brasil. Porém, fica difícil entender porque não se faz o mínimo, que é a manutenção do espaço. O correto seria mantê-lo em condições até que o aperto financeiro se arrefecesse ou uma nova atividade fosse destinada a ele. É possível que o imóvel seja devolvido à Prefeitura. Por isso, o Paula Souza precisa dar detalhes sobre o que pretende fazer.


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