A vez das vereadoras

O fenômeno é desigual. Se em Santos e Praia Grande serão três vereadoras, em São Vicente não haverá nenhuma

Por: Da Redação  -  20/11/20  -  10:08

O aumento do número de mulheres eleitas vereadoras é uma das boas notícias do último pleito. O fenômeno se deu em vários cantos do País e também na Baixada Santista, onde a soma das cadeiras que serão ocupadas por elas quase dobrará em relação à disputa de 2016. Na região, dos 136 vereadores da última legislatura, apenas sete são da ala feminina, uma proporção de irrisórios 5,2% em relação ao total. A partir de 2021, serão 12 entre 136 (Praia Grande criou mais duas cadeiras), uma relação de 8,8%. Na comparação dos números absolutos – sete mulheres em 2016 e 12 agora – o salto foi de 71%. 


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Entretanto, a elevação dos números absolutos e percentuais das vagas ocupadas pelas mulheres nas câmaras municipais serve mais como análise de uma tendência, pois a quantidade ainda é decepcionante. Basta observar que as eleitoras na Baixada Santista equivalem a 53,62% de todo o eleitorado. Além disso, a distribuição das vagas é desigual. Se em Santos e Praia Grande serão três ocupantes femininas em cada cidade, em São Vicente, Itanhaém e Mongaguá não haverá nenhuma. A conclusão que se tem é de uma baixa representatividade, condição que desincentiva a discussão de pautas específicas das mulheres. 


Mesmo com mais mulheres no comando das famílias e determinadas pelo sucesso profissional, o aumento do número de vereadoras segue em ritmo muito lento para atender as novas realidades. Parte disso se deve ao sistema machista e viciado da legislação eleitoral que perpetua o controle dos caciques masculinos sobre as legendas. Como a lei impõe mais candidatas, os patriarcas eleitorais investem em laranjas para cumprir as cotas femininas. Simultaneamente, as mulheres com reais condições de disputarem votos não têm acesso às campanhas bem organizadas. 


A necessidade de ampliar a presença feminina no Legislativo serve também às pautas generalistas (contas públicas, educação, saúde, cultura e segurança, entre outras) sob a visão das mulheres. Já há lideranças femininas influentes e de grande exposição no Congresso e no Poder Executivo, entretanto, o protagonismo em cargos de comando, como ministérios, lideranças de governo ou mesmo da oposição e relatoria de comissões, é tímido.


Nesta eleição, o avanço das mulheres também pode ser observado no contexto do fenômeno da pauta identitária. São cidadãos eleitos por defenderem causas específicas, como as dos negros, indígenas, militantes de favelas, LGBTs (25 transexuais e travestis foram eleitos vereadores no País) e feministas. Muitas mulheres também foram eleitas sob essa tendência, baseadas em campanhas concentradas nas redes sociais e puxadas por seguidores focados em temas mais exclusivos, como a violência doméstica.


O desafio agora é que essa tendência de mais mulheres nos legislativos municipais continue com fôlego daqui dois anos, com impactos na Câmara Federal e Senado e nos executivos.


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