A praia é de todos, mas...

Há uma questão sanitária que não pode ser negligenciada, tampouco tratada com desdém

Por: Da Redação  -  13/12/20  -  17:31

A Câmara de Santos analisa na terça-feira, em segunda discussão, projeto de lei do vereador Adilson Junior (PP), que permite que cães e gatos sejam levados à areia da praia por seus proprietários, das 17 às 8 horas. A condição é que estejam de coleira e sejam permanentemente supervisionados por seus donos.


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A matéria vem gerando polêmica desde que foi aprovada e divide opiniões. Após a segunda e última discussão, caso aprovada, segue para sanção do prefeito Paulo Alexandre Barbosa.


Para além da relação que as pessoas mantêm com seus animais, reconhecidamente fundamentais para a saúde, para a relação afetiva especialmente onde há crianças e idosos, há uma questão sanitária que não pode ser negligenciada, tampouco tratada com desdém.


Ao longo da semana, vários foram os especialistas da área médica que se manifestaram sobre o tema, alertando para os problemas dermatológicos decorrentes da areia contaminada com fezes e urina dos animais. E não se pode dizer que isso não ocorrerá, visto ser impossível manter a fiscalização rigorosa em mais de cinco quilômetros de praia. Haverá, por acaso, guardas municipais para cada metro quadrado de areia?


Atualmente, já não são poucos os problemas reportados por banhistas que decorrem da areia contaminada. Bicho geográfico é apenas um deles. Por mais que existam proprietários conscientes que recolham as fezes de seus animais, há, também, os que fazem de espaços públicos a latrina para seus pets.


Além disso – e também pela impossibilidade de manter uma fiscalização rigorosa –, não será raro surgirem notícias de desinteligências entre famílias por causa de cães colocados para passear na areia sem a coleira. 


Recentemente, fato da mais alta gravidade ocorreu no Emissário Submarino, em que um cão de grande porte se desvencilhou de seu dono e atacou uma criança. O cachorro, alegaram seus proprietários, era manso e não tinha histórico semelhante.


Há, ainda, uma questão sobre a qual é preciso análise extra. Pesquisas sempre apontam o alto grau de contaminação da areia da praia, decorrente de toda sorte de poluentes cotidianos. Também para os animais não parece ser boa opção refestelar-se na areia e, eventualmente, ter agravado quadro de alguma dermatite, problema que costuma se mostrar bastante comum entre os pets.


O projeto reúne, portanto, um leque de argumentos contrários que o tornam fora de propósito e sem qualquer razão de ser, uma vez que em Santos não faltam espaços apropriados para que os cães passeiem livremente com os seus donos pela Cidade. 


O próprio jardim da praia é bom exemplo de convívio saudável e civilizado. Ir além disso é, no mínimo, desnecessário e insensato. Que a Câmara reveja sua posição, mas, se assim se mantiver, que haja bom senso por parte do Executivo em vetar tal propositura.


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