A gravidade dos incêndios

Discute-se ainda o potencial turístico da mata, que segue inexplorado. Ideias não faltam, mas ações efetivas rareiam

Por: Da Redação  -  15/09/20  -  09:21

Se as queimadas da Amazônia já impressionam pelas proporções da destruição, os incêndios do Pantanal assustam não só pelo impacto ambiental, mas também pela proximidade com as cidades e as fazendas e possivelmente pelo alcance da fumaça no Sul e Sudeste. Deve-se registrar ainda as chocantes imagens dos animais pantaneiros carbonizados. Essas tragédias são resultado ao mesmo tempo da ganância do ser humano e das mudanças climáticas, mas poderiam ser de menores proporções ou até evitadas se houvesse uma maior determinação dos governos. Deve-se cobrar ainda resultados do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que não tem muito o que a apresentar e que gasta muito do seu tempo com debates com ambientalistas e o ator Leonardo DiCaprio.


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Se na Amazônia o combate à destruição se dá em meio à uma discussão dentro do governo sobre se as chamas capturadas pelos satélites são efeito da limpeza de terrenos por pequenos agriculturas ou pela ação de desmatadores, o Pantanal fica mais exposto por estar mais associado às cidades. O bioma, além de ser mais explorado turisticamente, conta com grandes pecuaristas com atividade econômica legalizada e submetida às normas ambientais. O atual incêndio no Pantanal também provoca as nuvens negras que aparentemente já são identificadas do Rio Grande do Sul ao Paraná, o que exige mais estudo a fim de identificar o impacto ambiental desses incêndios pelo restante do País.


Assim como no ano passado, a Amazônia deverá estar entre os temas do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, que deve ser virtual, e muito pouco de resultados práticos pode ser apresentado. A defesa da soberania do Brasil sobre a Amazônia é legítima e indiscutível, mas é preciso avançar mais. Na Amazônia, o ambiente é muito mais inóspito que o do Pantanal e qualquer intervenção econômica precisa ser calculada. Há décadas se fala dos ribeirinhos e dos pequenos agricultores que vivem mergulhados na pobreza por meio da economia de subsistência e que até hoje continuam na mesma situação. Discute-se ainda o potencial turístico da mata, que segue inexplorado. Ideias não faltam, mas ações efetivas rareiam.


Porém, a preservacão ambiental é fundamental para o futuro não só dessas regiões como de todo o País, considerando as inegáveis mudanças climáticas. É fato que os satélites mostram, nas ondas de queimadas, focos concentrados ao longo das rodovias, principalmente entre o sudoeste do Pará e a região do Amazonas mais próxima a Rondônia e Acre. A destruição está escancarada, mas o governo permanece sem reação.


O congelamento eminente do acordo Mercosul-União Europeia, que já era frágil devido à reação protecionista na França e em outros países, é o primeiro resultado claro dos erros do Brasil no meio ambiente. É preciso cuidar melhor da Amazônia, do Pantanal e dos outros vários biomas do País.


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