É possível ser otimista

A China passa por uma robusta retomada e os Estados Unidos vão implantar um fantástico programa de estímulos

Por: Da Redação  -  18/04/21  -  13:45

É esperado que no próximo ano a economia cresça, ainda que a vacinação continue a patinar no próximo semestre. Afinal, uma fatia maior da população estará imunizada até dezembro e os principais parceiros comerciais do Brasil – China e EUA – se mostrarão em retomada bem mais acelerada. O governo e as principais instituições econômicas preveem uma expansão brasileira entre 3% e 4% agora em 2021. Não é para comemorar, porque a base de comparação, o ano passado, quando houve recuo 4,1%, é bem deteriorada. Ainda há muitas dúvidas que geram imprevisibilidade, como novas cepas do vírus, crise política abalando a confiança do investidor ou das empresas e o consumidor com o bolso vazio ou temeroso de voltar às compras. Porém, é necessário fazer um exercício mais otimista, mesmo que o governo esteja sem fôlego para algum plano de estímulo econômico. Aliás, pouco se deve esperar dele tamanha a sua descoordenação e a incapacidade presidencial de gerir o País com um mínimo de estabilidade.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Nas últimas décadas, o consumo das famílias sustentou o crescimento do Brasil, principalmente quando essa conta foi turbinada com um exagerado estímulo dos governos petistas ao endividamento das pessoas físicas. Esse alicerce da expansão do PIB anda aos frangalhos pela própria dimensão do desemprego e dos diversos efeitos da pandemia na economia. Mas o comércio exterior é que deve ser o carro-chefe da recuperação brasileira. A China passa por uma robusta retomada e os Estados Unidos vão implantar um fantástico programa de estímulo à infraestrutura e às energias limpas. Em uma rápida observação já se notam ganhos com commodities (produtos agrícolas e minerais). Os Estados Unidos devem aumentar suas compras e, por consequência, com os empregos gerados lá, necessitar de uma diversidade de produtos em cadeia. É claro que o mundo inteiro já está de olho nesse potencial e é possível que Joe Biden caia em alguma tentação protecionista para impulsionar empregos internamente, mas as possibilidades serão extremas.


O Brasil pode ser atingido seriamente por uma consequência dessa retomada externa, que é o encarecimento dos alimentos e dos combustíveis, que aliás já está em curso. Por isso, é muito importante que o Banco Central saiba dosar desde já a taxa Selic para desarmar a atual inflação e que o governo não aumente os gastos públicos, pois eles ajudam a pressionar os preços e a disparada dos juros. Se o custo do dinheiro ganhar elevado fôlego, não haverá como o crédito dar o empurrão definitivo na economia.


As recentes notícias de gigantes varejistas tentando incorporar rivais e empresas disputando concessões de rodovias e aeroportos com contratos para mais de 30 anos indicam que ainda há o capital que confia na viabilidade do País no longo prazo. O curto prazo será bem sofrido e imprevisível, mas o trabalho árduo poderá garantir um Brasil melhor às novas gerações.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter