É possível melhorar o ensino público

Há muito não se via uma tendência de melhora da qualidade do ensino e esse momento não pode ser desperdiçado

Por: Da Redação  -  18/09/20  -  09:25

O desempenho da Escola Professor Suetônio Bittencourt Jr, em Santos, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019 merece ser investigado como exemplo para as unidades de ensino na região. De acordo com o Ideb, a Suetônio obteve a melhor média em toda a rede estadual paulista para a modalidade dos anos finais do Ensino Fundamental. Já a Escola Municipal José Oliveira Santos, de Bertioga, foi o destaque regional para anos iniciais.


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Elogios à parte, é preciso admitir que o ensino no Brasil ainda é falho e exige mais investimentos não só em tecnologia, mas na infraestrutura, tamanho é o atraso. Condutor principal das políticas do setor, o Ministério da Educação foi ocupado desde 2019 por figuras com muitas preocupações ideológicas, mas despreparadas para a sala de aula, o que se espera que o ministro Milton Ribeiro já tenha começado a corrigir.


O Ideb é excelente ferramenta para o ministro e demais gestores do ensino mudarem o País. O índice, vinculado ao ministério, é aplicado a cada dois anos com base no desempenho em Português e Matemática e nas taxas de aprovação e evasão. Porém, o Ideb não pode ser visto como competição ou troféu para o gestor escolar, prefeitos e governadores. Como se trata de indicador da qualidade, as médias obtidas (no Suetônio, de 7,2, e na unidade de Bertioga, 7,9) precisam ser comparadas com as de biênios anteriores para verificar se há um histórico de melhora e se foram atingidas as metas. Feito o diagnóstico do resultado, o diretor escolar pode tomar medidas para aprimorar o ensino. Já secretários municipais e estaduais de Educação ganham indicadores para reestruturar suas redes e até reivindicar verbas ou mover recursos para socorrer os elos frágeis de suas redes.


Na avaliação do Ensino Médio, as cidades da região melhoraram suas notas e atingiram as metas da educação para 2021. Entretanto, especialistas reforçam que é preciso manter uma sequência da melhora ao longo dos anos. Por exemplo, no Fundamental da rede municipal, seis das nove cidades da região cumpriram seus objetivos, mas apenas três ampliaram suas médias em relação a 2017.


Em âmbito nacional, as melhores médias não vêm do estado mais rico do País, mas de Goiás, Ceará, Espírito Santo e Pernambuco. Conforme especialistas, as regiões com bons resultados seguiram receita parecida, como ensino integral, seleção do gestor por processo seletivo e não nomeação e investimentos na infraestrutura, além de iniciativas de aspecto emocional (como reagir nos desafios), projetos conectados e não avulsos e implantação simultânea dos programas e não apenas em uma escola ou cidade. As verbas são reduzidas, mas por meio de iniciativas já conhecidas é possível obter resultados ao longo dos anos. A suspensão das aulas pela pandemia vai dificultar o avanço, mas há muito não se via uma tendência de melhora – esse momento não pode ser desperdiçado.


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