Agora a invalidez vale menos

A aposentadoria por invalidez é um benefício indesejado, mas, da mesma forma que a pensão por morte, de muita importância. Ocorre que a EC 103/2019 reduziu substancialmente seus valores

Por: Sergio Pardal Freudenthal  -  04/06/20  -  12:25

Joãozinho, aos 20 anos de idade, ingressou, em seu primeiro emprego, na área industrial. Atuou durante 18 anos no tráfego do pátio de minérios, seja dirigindo caminhões, seja organizando o trânsito. Com 38 anos de idade, problemas psíquicos causaram inúmeras desavenças no seu trabalho, culminando em seu despedimento. Um ano após, com alguma ajuda familiar, Joãozinho admitiu a doença, e, mesmo em tratamento constante, foi aposentado por invalidez. Ganhando o equivalente a atuais 3 mil reais, 100% de sua média, não se preocupou com o vínculo empregatício anterior ou com o nexo causal de sua doença com o trabalho.


Após 18 anos de afastamento do mercado de trabalho, com 57 anos de idade, Joãozinho foi chamado no “arrastão pericial” e teve alta, com o encerramento de seu benefício por invalidez. Ajuizou a devida ação e foi vitorioso, ou quase: o perito, sem observar sua idade e seu tempo de inatividade, entendeu que ele estaria incapacitado para as atividades que exercia (no trânsito), mas poderia exercer outras. Assim, o tribunal concedeu auxílio-doença para Joãozinho, com direito à “reabilitação profissional” do INSS.


Uma primeira análise concluiria que, não existindo reabilitação, retornaria o direito à aposentadoria por invalidez, mas com que cálculo? Com apenas 18 anos de contribuição, conforme as novas regras, receberia em sua aposentadoria por invalidez, somente 60% da média? Em vez de 3 mil reais seriam 1.800?


Por enquanto, o auxílio-doença paga 92% da média, com muitas más ideias circulando, buscando reduzir a sua importância. Porém, a aposentadoria por invalidez obedece a nova forma de cálculo: a base é a média de todas as contribuições, tendo direito a 60% dela quem tiver até 20 anos de contribuição, com cada ano a partir de então, valendo mais 2%.


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