Setembro Amarelo é sinal amarelo

O objetivo é chamar a atenção para um assunto pra lá de delicado. Trata-se do suicídio

Por: Dad Squarisi  -  02/09/20  -  09:15

Recado


“Uma frase longa não é nada mais que duas curtas.”
Vinicius de Moraes


Setembro se veste de amarelo. A cor não tem nada a ver com as comemorações da Independência. O objetivo é chamar a atenção para um assunto pra lá de delicado. Trata-se do suicídio.


O autoextermínio cresce no Brasil e no mundo. Tornou-se caso de saúde pública. Mas pouco se fala sobre ele. A razão é simples e compreensível: teme-se que a divulgação de histórias e números estimulem a prática. Valha-nos, Deus!


Falar sobre o tema trouxe um problema adicional. Ele se refere à gramática, não à psicologia. A questão: suicidar-se é sempre pronominal? É. Quem conhece a origem da palavra acha estranho. O verbo vem do latim.


É formado de sui (= de si, a si) e cídio (= matar). Significa matar a si mesmo. No duro, não precisaria do se. Mas o teimoso bate pé. Exige o pronome e não abre. Como diz o outro, manda quem pode, obedece quem tem juízo: eu me suicido, ele se suicida, nós nos suicidamos, eles se suicidam.


Pegadinha


Concurso tornou-se o sonho de consumo de gregos, troianos e romanos. A aprovação pode não garantir salário de marajá nem trabalho desafiador. Mas assegura estabilidade. Daí a concorrência crescente.


As bancas examinadoras se esmeram em buscar questões que avaliem não só o conhecimento mas também a atenção e a malícia do candidato. Outro dia, certame pra lá de disputado apresentou esta questão: “Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?” A moçada, sem pensar, respondeu “branco”. Errou. A pergunta pedia a cor – branca.


Por falar em cor...


A reforma ortográfica cassou o hífen de palavras compostas. Entre elas, as composições de dois ou mais vocábulos ligados por preposição, conjunção, pronome. Pé-de-moleque, mão-de-obra, tomara-que-caia se escreviam com hífen. Agora estão livres e soltas — pé de moleque, mão de obra, tomara que caia.


As cores entraram na faxina. Antes, cor-de-laranja, cor-de-carne, cor-de-vinho, cor-de-abóbora, cor-de-creme se grafavam desse jeitinho. Agora, mandaram o tracinho plantar batata no asfalto. Ficaram assim: cor de laranja, cor de carne, cor de vinho, cor de abóbora, cor de creme.


Superexceção


Cor-de-rosa manteve o hífen. É a exceção que confirma a regra.


Tropeço da Veja


“A lista negra do presidente”, escreveu a Veja desta semana. A matéria fala das condições impostas por Bolsonaro para se refiliar ao PSL, partido que o elegeu. Entre elas, a expulsão de sete deputados e um senador da legenda. A revista pisou o politicamente correto. Reforçou preconceito.


Sim


Negro é raça. Nessa acepção, é para lá de bem-vindo. Pelé é negro, não é escurinho, crioulo, negrão, moreno ou de cor.


Não


Empregar negro com conotação negativa reforça preconceito. Xô! Xô! Xô! Dê nome aos bois. Em vez de lista negra, lista dos inimigos, lista dos maus alunos, lista dos maus pagadores. Em lugar de nuvens negras, prefira nuvens escuras. Passado negro? Nem pensar. Seja claro: passado de homicídios, passado de roubos, passado de traições.


Leitor pergunta


Hoje é dia da nota de R$ 200,00. O Banco Central vai exibi-la para o público. Tenho uma curiosidade. Qual a razão da escolha do lobo-guará?
Lúcia Gonzaga, Porto Alegre (RS)


A história começou em 2001. Naquele ano, foi lançado um concurso: os brasileiros deviam escolher animais ameaçados de extinção. Os vencedores seriam estampados nas novas cédulas.


Em 1º lugar, ficou a tartaruga-marinha, que enfeitou a nota de R$ 2,00, criada em 2001. Em 2º, o mico-leão, que ganhou a nota de R$ 20,,00 lançada em 2002. Em 3º, o lobo-guará, que abrilhanta a nota de R$ 200,00.


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