Março, o mês da Guerra

Palavras de todo dia, com cor e sabor 'marcianos'

Por: Dad Squarisi  -  01/03/20  -  17:20
Palavras de todo dia, com cor e sabor 'marcianos'
Palavras de todo dia, com cor e sabor 'marcianos'   Foto: Mônica Sobral/Arte AT

Recado


“A prosa vigorosa é concisa. A frase não deve ter palavras desnecessárias nem o parágrafo frases desnecessárias.”
William Strunk Jr.


Abram-lhe alas. O deus da guerra vai passar. Ele se chama Marte. Forte, valente e mau, está sempre preparado pra luta. Dia e noite usa armadura e capacete. Na mão esquerda carrega um escudo. Na direita, uma espada.


Onde há guerra, lá está ele. Aparece de surpresa, num carro puxado por quatro cavalos. No campo de batalha, não deixa por menos. Fica no meio dos soldados e luta com vontade. Todos morrem de medo dele.


Em homenagem a Marte, o planeta Marte se chama Marte. O homem verdinho que nasce lá é marciano. O terceiro mês do ano recebe o nome de março. Judô, caratê e aiquidô são lutas marciais.


Sabe por quê? Há muiiiiiiiiitos anos, os guerreiros japoneses e chineses não tinham armas. Para atacar ou se defender, usavam o próprio corpo. Aprendiam, então, as lutas da guerra. São as lutas marciais.

Nome de gente


Você se chama Márcio ou Márcia? Pois o nome pertence à família de Marte, marciano e marcial. São todos guerreiros.

A senhora guerreira


Belona se casou com Marte. Tornou-se a deusa guerreira. Nos campos de batalha, mistura-se aos soldados. É valente que só. A Língua Portuguesa, que lhe reconhece o valor, criou várias palavras para homenageá-la. Todas começam com bel.


Beligerante é a pessoa que está em guerra. Ou faz guerra. Belicosa, a criatura louca por uma guerrinha. Bélico é o que se refere à guerra. Material bélico, por exemplo, é material de guerra. E belonave? Nada menos que navio de guerra.

O filhão


Uiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que medo! Fobos está no pedaço. O moço, filho de Marte, não usa roupa. Em cima do corpo nu, joga uma pele de leão. Todos tremem de pavor ao ver figura tão esquisita. Fobos assusta os combatentes. Ao vê-lo, os soldados pensam que é fantasma. Fogem apavorados.


Fora do Olimpo, Fobos não assusta nem passarinho. Mas o nome do moço vestido de leão deixou senhora herança. É a palavra fobia. O vocábulo quer dizer medo. Não qualquer medinho à toa. Mas um medo grannnnnnnnnnnnnnnnnde. Incontrolável. O cachorro com raiva sofre de hidrofobia. Ele tem pavvvvvvvvvvvvvvvvvvvvor à água.

Privilégio


Olho vivo, moçada. O primeiro dia do mês tem privilégio. Só ele é numeral ordinal. Os outros são cardinais: Hoje é primeiro de março. Dia 5 de março viajo de férias. O dia da mentira? É primeiro de abril sim, senhores.

Por falar em numeral...


Catorze alterna com quatorze. Mas cinquenta é único. Xô, cincoenta!


Mais


Há numerais que sofrem de alergia. Um deles é dois. Ele não tolera o pronome todos. Todos os dois? Saia de perto. É espirro de todos os lados. Diga os dois ou ambos.

Não só


Outro alérgico é o ordinal. Com os números que indicam ordem, o hífen não tem vez. Escreva sem medo de errar: décimo primeiro, quinquagésimo quarto, milésimo trigésimo segundo.

Pegadinha


A vírgula joga no time dos gozadores. Adora pegadinhas. Quando o desavisado cai na cilada, ela morre de rir e sai cantando o tal enganei o bobo na casca do ovo. Contra a esperta, só há uma saída — a atenção plena. Faça a concordância com o número que vem antes da vírgula: 1,2 milhão, 0,4 bilhão, 13,5 trilhões.

Leitor pergunta


Li, na primeira página do jornal, a palavra descriminação para mostrar a possibilidade de demissão nos casos de discriminação racial. Pode explicar a diferença de uma grafia e outra?
Carlos Gama, Santos

Descriminar é inocentar. A palavra vem de crime. O prefixo des- dá ideia de negação. É o mesmo que aparece em desobedecer: Gabeira luta para descriminar o uso da maconha. Ele luta pela descriminação da ervinha.


Discriminar é distinguir, tratar de maneira diferente: A Constituição diz que discriminar mulher é crime. Há possibilidade de demissão nos casos de discriminação racial.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter