Egos em cartaz

Faltam bombeiros para apagar tantos incêndios. Sai dia, entra dia, crises se vão, crises se apresentam

Por: Dad Squarisi  -  21/06/20  -  12:32

Recado


“A poesia vence a pandemia."
Jornal da Cultura


Ufa! Faltam bombeiros para apagar tantos incêndios. Sai dia, entra dia, crises se vão, crises se apresentam. Até os Poderes da República não se entendem. Cada um quer aparecer mais que os outros. Juízes do Supremo, deputados e senadores, presidente e ministros disputam espaço na mídia. Resultado: tornaram-se mais conhecidos que os atores da Globo.
Na corrida pelo estrelato, pisam-se calos. Gritos ecoam em palácios da Praça dos Três Poderes. É uma falação sem fim. Vozes sensatas lembram a velha lição de Montesquieu. Legislativo, Executivo e Judiciário são os pilares da democracia. Devem conviver em harmonia - sinônimo de equilíbrio, afinação, concerto.


Do Olimpo


Harmonia é filha de Marte e Vênus. O deus da guerra e a deusa do amor se apaixonaram. Mas eram casados. Por isso se encontravam às escondidas. Da união nasceram filhotes. Harmonia foi uma delas. Linda como a mãe, casou-se com Cadmo, o fundador de Tebas. Foi um festão.


O casal ganhou presentes pra dar, vender e emprestar. Dois chamaram a atenção - um manto e um colar. Encantada, a noiva os experimentou sem saber que estavam impregnados de um filtro que lhe amaldiçoou a descendência. Por quê? A joia era obra de Vulcano, marido de Vênus. Pior que presente de grego, foi presente de marido traído. Valha-nos, Zeus!


Por falar em concerto...


Vale lembrar: uma letra faz a diferença. Concerto e conserto soam do mesmo jeitinho. Mas não se confundem:


Concerto = harmonia: concerto da orquestra, concerto das nações, concerto dos Poderes da República.


Conserto = remendo, reparo: conserto do carro, conserto da estrada, conserto da televisão.


Esteja preso


A prisão de Fabrício Queiroz trouxe às manchetes o verbo prender. O danado é generoso. Tem dois particípios. Um regular, terminado em -ido como escolhido, batido, colhido. O outro irregular, mais curtinho. Quando usar um ou outro? Depende do auxiliar:


  1. Com ser e estar, o pequenino tem vez: Queiroz foi preso pela polícia. Queiroz está preso.
  2. Com ter e haver, o grandão pede banda de música e tapete vermelho: A polícia tinha prendido Queiroz antes? Não se lembrava se a polícia havia prendido Queiroz antes.

Dois times


O Conselho Monetário Nacional vem passando a faca na taxa de juros. Na quarta, a Selic foi de 3% para 2,25%. Viva! É a menor da história. O assunto, claro, foi notícia. Pintou, então a dúvida: juro ou juros? Tanto faz. Mas, escolhido um, fique de olho na concordância: O juro caiu. Os juros caíram.


O senhor do $


Com a queda da taxa de juros, o Banco Central caiu na boa do povo. Muitos se interessaram pelas funções da instituição. Uma delas: emitir moeda. O que é isso? É pôr nosso rico dinheirinho em circulação.


Para lá e para cá


E a Organização Mundial da Saúde, hein? No meio da pandemia, parece que perdeu o rumo. Vale o exemplo da cloroquina. A OMS autoriza pesquisas sobre a droga. Depois, suspende. Volta a autorizar. Torna a suspender. Ufa! Ao falar no assunto, jornais escrevem vai e vem. Outros preferem vaivém. E daí? Ambos merecem nota mil. Palmas para eles.


Por dentro


Há os desatualizados. Eles ignoram mudanças da Reforma Ortográfica. Em 2009, novas regras entraram em vigor. Elas mudaram a cara de palavras. É o caso de vai e vem. O trio se escrevia com hífen como pé de moleque, mula sem cabeça, tomara que caia. Agora todos se grafam livres e soltos – sem tracinho, sem lenço e sem documento.


Leitor pergunta


O numeral cinquenta tem outra forma?
Carlota Beta, Rio


Não. Só cinquenta.


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