Expressão facial de emoções, botox e máscaras

Seria indicado atenuar a função muscular do rosto com toxina botulínica, em tempos de pandemia?

Por: Cida Coelho  -  21/09/20  -  20:30
Depois de aprender a manuseá-las corretamente, tivemos que aprender a respirar, a falar e a expressa
Depois de aprender a manuseá-las corretamente, tivemos que aprender a respirar, a falar e a expressa   Foto: Julian Wan/Unsplash

As máscaras de proteção, tão importantes para enfrentar a pandemia do COVID 19, nos impõe adaptações. Depois de aprender a manuseá-las corretamente, tivemos que aprender a respirar, a falar e a expressar nossas emoções com elas.


Essa última tarefa tem se mostrado desafiadora, já que as máscaras bloqueiam a metade inferior do nosso rosto, fonte de muitas informações importantes. Veja o caso das emoções positivas, como felicidade e empatia. Elas dependem muito dessa parte inferior, que agora fica coberta. Como demonstrar alegria com o sorriso coberto? Aí entra um detalhe importantíssimo. Quando sorrimos de verdade (e não quando sorrimos para uma foto, por exemplo), além de ativar a musculatura da boca, ativamos também alguns músculos relacionados aos nossos olhos, que tendem a ficar mais espremidos. Essa é uma boa noticia pra nós que temos passado uma boa parte do dia com a boca escondida. Podemos (e devemos) demonstrar sorriso também pelos olhos!


Ocorre que essa mesma região dos olhos e da testa, também é acionada em emoções negativas, como raiva, tristeza e medo. Muitas pessoas, inclusive, passam a ter marcas de expressão nessa região e procuram dermatologistas para atenuá-las, usando o recurso da toxina botulínica.


Aí surge o grande dilema: Manter ou não manter o “Botox” durante a pandemia? Com a metade inferior coberta pela máscara e a metade superior tendo a responsabilidade sozinha de expressar nossos estados e intenções, seria indicado atenuar a função muscular do rosto, em tempos de pandemia?


Um estudo recente (vale a pena a leitura completa), se propôs a investigar essa questão e avaliar os prós e os contras de se manter a atenuação das rugas de expressão usando o recurso da Toxina Botulínica. O artigo é muito interessante, e discute com profundidade como as emoções são “contagiosas” e como a as máscaras podem aumentar a “transmissão” de emoções negativas. Como segue indefinido o tempo em que teremos que permanecer usando máscaras, separei duas recomendações dos pesquisadores, que me pareceram particularmente interessantes e importantes:


  1. MANTER O BOTOX NA REGIAO ENTRE AS SOBRANCELHAS, PARA NÃO ACENTUAR A PERCEPCAO DE UMA EMOÇÃO NEGATIVA: os autores do estudo defendem a manutenção do botox na região da glabela, aquela entre as sobrancelhas, onde costuma-se criar um vinco, geralmente associado à preocupação, à raiva ou excesso de seriedade , na opinião dos pesquisadores. O intuito é minimizar o impacto negativo que a expressão dessas emoções pode causar
  2. NÃO APLICAR BOTOX NA REGIÃO EXTERNA DOS OLHOS, PARA NÃO PERDERMOS UMA FONTE IMPORTANTE DE EXPRESSAO DE EMOCAO POSITIVA: os pesquisadores defendem que a região do canto dos olhos, ou os pés de galinha, não deveria receber botox, sob risco comprometermos seriamente nossa capacidade de expressar alegria genuína.

Interpretar mal uma expressão não é uma escolha. São muitos os fatores que contribuem para nossas interpretações. Mas, buscar uma comunicação plena e assertiva, apesar de ser uma tarefa árdua, encurta caminhos e constrói pontes de boas conexões humanas. Sempre vale a pena!


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