Esqueça a perfeição, mas aposte na prática

Quanto mais falamos, mais modificamos nossas estruturas cerebrais e melhores comunicadores nos tornamos

Por: Cida Coelho  -  23/06/20  -  15:37
Taxis pretos em Londres
Taxis pretos em Londres   Foto: Arthur Osipyan/Unsplash

Sabe aquele ditado: “A prática leva à perfeição”? Pois é. Há algum tempo atrás, um grupo de pesquisadores (MAGUIRE; WOOLLETT; SPIERES, 2006;  WOLLETT; MAGUIRE, 2011) resolveu testar essa afirmação. Eles decidiram investigar se haveria diferenças estruturais no cérebro de motoristas de taxis pretos em Londres quando comparados à motoristas de ônibus, na mesma cidade.


Talvez você já esteja arriscando um palpite e imagine qual dos dois tipos de motoristas tem uma exigência maior de domínio espacial. Mas, para entender a pesquisa, é preciso que antes a gente entenda o que significa ser um motorista de taxis pretos em Londres.


Em primeiro lugar, é preciso mais do que dinheiro para adquirir um carro e manter as licenças de operação. Pra exercer essa função, o aspirante à motorista de taxi preto deve ser capaz de ser aprovado num dificílimo teste oral que investiga seu conhecimento da cidade. Eles estudam, em média, 4 anos até serem capazes de memorizar o nome de 25 mil ruas e cerca de 20 mil monumentos num raio de 10 quilômetros a partir do centro da cidade. Isso torna os motoristas aprovados, profissionais extremamente qualificados. Por isso, o interesse dos pesquisadores.


Os pesquisadores concluíram, ao final dos estudos, que o Hipocampo (área responsável pela nossa organização espacial) dos motoristas de taxis preto era significantemente maior e mais desenvolvido do que os de motoristas de ônibus. A plasticidade cerebral dos motoristas de taxis impressionou os cientistas e mudou o pensamento sobre como aprendemos as coisas, e sobre a capacidade do nosso cérebro de crescer e de mudar.


Essa pesquisa serviu de base para inúmeras outras pesquisas e dá suporte teórico para algo que já percebemos há anos na prática clínica. As áreas cerebrais responsáveis pela nossa capacidade de falar e explicar nossas ideias são mais ativadas e eficientes quanto mais as usamos. Isso significa que quanto mais falamos, mais modificamos nossas estruturas cerebrais e melhores comunicadores nos tornamos.


Portanto, minha dica de hoje é:  esqueça a perfeição, mas aposte na prática e aprenda com os erros. Fale com medo, mas fale! Aproveite todas as situações de comunicação que a vida te apresentar e desenvolva o seu potencial.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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