Decisões para o próximo carnaval

O carnaval passou, a quarta feira de Cinzas chegou e, para muitos, chega também um certo senso (tardio) de responsabilidade. Na maioria das vezes, esse senso começa com a necessidade de consertar o estrago causado pelos abusos do feriadão. Bem ao estilo, e agora, o que que eu faço?

Nessa última quarta-feira de Cinzas, uma estação de rádio local, atenta a esse padrão de comportamento do brasileiro, convidou duas especialistas para ajudarem os foliões mais exagerados a repararem os possíveis danos que cometeram. Para falar dos abusos com as comidas e bebidas, uma médica nutróloga foi convidada. E coube a mim, falar sobre os abusos cometidos com a voz, por conta da cantoria ou da a conversação em alto som.

Fiquei surpresa com a participação dos ouvintes. Não foram poucos os que desejavam, de verdade, compensar os excessos. O programa durou cerca de uma hora, e durante esse tempo, demos dicas de como minimizar os danos, que àquela altura, já não podiam ser evitados.

Mesmo falando sobre áreas diferentes, tanto a nutróloga quanto eu concordamos num ponto essencial. Não existem milagres. Em qualquer esfera da vida, existe uma matemática da qual não podemos fugir. Só podemos gastar aquilo que temos. Quando abusamos, gastamos mais do que possuímos. É como se entrássemos no cheque especial e ficássemos no vermelho. Dá para continuar a viver, mesmo comendo mal ou falando ou cantando de forma abusiva.  Mas a conta virá, mais cedo ou mais tarde, e com juros.

Isso nos leva ao ditado antigo, que dizia:  Melhor prevenir, do que remediar.  Nos lembra, também, que a vida é feita de escolhas. Tomar boas decisões faz toda diferença na qualidade da vida que temos. Sei que é difícil, para um folião que nesse pós carnaval ainda esta contabilizando as perdas pelos abusos (alimentares, vocais, financeiros...), pensar que poderia ter tomado decisões melhores.

Mas quem sabe, antes do próximo carnaval, a gente possa colocar em prática, alguns dos conselhos trazidos por essa reportagem da BBC Brasil. A especialista entrevistada nessa reportagem, Radha Modgil, chama nossa atenção para três pontos,  para garantir que tomaremos a melhor decisão.

Concentre-se no que importa: crie rotinas para as atividades diárias. Assim você não terá que fazer escolhas o tempo todo. Pequenas decisões consomem a mesma quantidade de energia que as grandes decisões. Então, vamos economizar energia para nossas decisões mais importantes.

Não tome decisões importantes com fome ou com sono: O cérebro é o nosso órgão mais complexo e o que consome mais energia. Ele precisa de energia para pensar, assim como o corpo exige energia para se movimentar. Se estamos com fome ou sono, por exemplo,  os neurotransmissores não funcionam bem, o que afeta a comunicação entre os cerca de 86 milhões de neurônios que nosso cérebro possui.

Fale sobre suas opções com um bom amigo: Nos momentos em que temos de fazer uma grande escolha, sentimos receio sobre o que podemos perder — e esse sentimento é maior que a motivação com os ganhos com a escolha. Por isso , sempre tentamos escolher a opção mais segura em vez daquela que teria o maior impacto positivo em nossas vidas. Os bons amigos, em geral, se preocupam menos com nossos medos de perdas e mais com as possibilidades para o nosso futuro.

Tomamos pequenas decisões a todo momento. Algumas tem impacto pequeno e outras podem ser decisivas.  Então, vou ficar na torcida pra que no ano que vem, me convidem para falar sobre os cuidados no pré-carnaval, e não no pós-carnaval como esse ano. Assim teremos tempo de tomar melhores decisões e reparar menos erros.