Como conversar com quem pensa muito diferente de nós

Nossa paciência e tolerância estão cada vez mais escassas para jogar conversa fora no Facebook, em grupos de WhatsApp e até mesmo nas reuniões de família

Por: Cida Coelho  -  13/12/19  -  17:35
Atualizado em 13/12/19 - 17:41
  Foto: Headway on Unsplash

A escassez de tempo que assola nossa vida urbana tem mudado nosso comportamento em vários sentidos. Mas um deles me toca particularmente: nosso comportamento social. A ferramenta que usamos pra nos relacionar socialmente, que é a comunicação, está sendo igualmente modificada e sequer percebemos isso no dia-a-dia.


Nossa paciência e tolerância estão cada vez mais escassas para jogar conversa fora no Facebook, em grupos de WhatsApp, e até mesmo nas reuniões de família. A situação fica pior ainda quando somos confrontados a uma desagradável conversa com quem pensa muito diferente de nós.


Diante de qualquer tema complexo e que gere naturalmente uma polarização na base do contra e a favor, muitos de nós nem perde tempo em discutir. É tão claro para nós que nossos argumentos são superiores, que, quase sempre, sequer prestamos atenção aos argumentos contrários.


Preocupados com essa mudança de comportamento comunicativo e social, o portal “Papo de Homem”, em parceria com o Instituto Avon, desenvolveram uma extensa pesquisa, que ouviu 9000 pessoas.


Os resultados foram publicados no inicio desse ano, no livro “Derrubando muros e construindo pontes – como conversar com quem pensa muito diferente de nós”. O ponto central da pesquisa foi a busca por entender quais os maiores entraves que se apresentam quando se debatem ideias diferentes.


Após cruzar os dados, os pesquisadores chegaram a inúmeras conclusões, mas eu gostaria de destacar os 3 grandes perfis de pessoas que ela revelou: No primeiro, estão as “pessoas construtoras de pontes”, aquelas que gostam e procuram conversar com quem pensa diferente delas e que representam apenas 15% da população nacional.


O segundo perfil é o de “pessoas entre muros”, onde estão as pessoas que menos buscam dialogar com quem pensa diferente, pois raramente tem paciência para isso. Elas representam 35% da população. Os outros 50% compõem o terceiro perfil que é o de “pessoas em trânsito”: dependendo do contexto, podem ser mais abertas ou fechadas, confiam no diálogo apesar de certo cansaço com o tema.


A contribuição trazida pela pesquisa é gigantesca e coloca luz em um fenômeno para o qual temos dado pouca importância, mas que é de uma relevância enorme quando pensamos numa convivência humana mais sustentável e saudável para as próximas gerações. Eu convido você a conhecer melhor os detalhes visitando o site https://papodehomem.com.br/pontes/. Lá você consegue baixar o livro digital gratuitamente, além de um “Guia para conversar com quem pensa muito diferente”.


Há ainda uma outra publicação: “Guia de boas práticas jornalísticas para construirmos mais e melhores pontes”. E se quiser ir mais fundo ainda, eles disponibilizam uma apresentação com duzentos slides com todos os cruzamentos possíveis de dados, já que o livro apresenta apenas os mais relevantes. E se tiver mais quinze minutos, assista o minidocumentário baseado na pesquisa. Vale muito a pena! https://www.youtube.com/watch?v=8pAK37I1c0w&feature=youtu.be


Conhecer esse estudo renovou minhas esperanças. Que possamos juntos, adotar novas práticas para engrossar o grupo de “pessoas construtoras de pontes”. Com novas e boas conexões comunicativas, para que nosso lado mais humano sempre prevaleça!


“Esse é o grande desafio da comunicação. Entender que as pessoas partem de lugares diferentes, e que a linguagem importa, importa muito! As palavras tem poder”


Mafoane Odara, coordenadora de projetos do Instituto Avon


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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