Como a 'Incubadora de bons comunicadores' pode estar no lugar mais improvável

Falar em público, no entanto, sempre foi visto como uma habilidade restrita a uns pouco bem-aventurados, que tiveram a sorte de nascer com esse dom

Por: Cida Coelho  -  26/07/19  -  14:48
Atualizado em 26/07/19 - 14:50
Severiano conseguiu mostrar como, mesmo em um ambiente hostil pode brotar uma luz no fim do túnel
Severiano conseguiu mostrar como, mesmo em um ambiente hostil pode brotar uma luz no fim do túnel   Foto: Reprodução

Falar é um atributo natural dos seres humanos. Usar a linguagem para os relacionamentos possibilitou avanços em diversas esferas do conhecimento. Falar em público, no entanto, sempre foi visto como uma habilidade restrita a uns pouco bem-aventurados, que tiveram a sorte de nascer com esse dom. Quem não teve a mesma sorte, sempre fugiu das situações em que teria que se expor publicamente. Até bem pouco tempo atrás, isso era possível. Mas hoje, mais do que nunca, a habilidade comunicativa é realmente, uma competência importante tanto nos relacionamentos pessoais quanto profissionais, forçando, de certa forma, a exposição oral em qualquer profissão.


Por conta disso, frequentemente sou solicitada a dar algumas “dicas” sobre o que podemos fazer para melhorar a comunicação. E como vivemos em um mundo que tem pressa, a maioria das pessoas gostaria de ouvir uma dica “poderosa”, capaz de transformar instantaneamente sua comunicação. Nessas ocasiões, explico que comunicação não é uma dádiva, é uma construção. Não nascemos falando. Aprendemos a falar ouvindo nossos pais, irmãos, professores. Inicialmente, num processo quase de imitação, que depois vai sendo modificado por nossas características e experiências  pessoais. O lado bom disso é que, enquanto houver vida e novas experiências, nossa comunicação pode ser a melhor portadora delas. O lado “ruim”  é que não é um processo mágico. É um aprendizado, e como qualquer aprendizado, demanda tempo e precisa de três ingredientes principais: Atenção, repetição e emoção.


Semana passada, assistindo ao Jornal Nacional, fui presenteada com uma reportagem daquelas de encher o coração de esperança. E hoje, ela vai me ajudar a falar sobre esses três ingredientes. O responsável por contar a historia foi o repórter Alan Severiano, que com sensibilidade, conseguiu nos mostrar como, mesmo em um ambiente hostil, árido e sem esperanças, pode brotar uma luz no final do túnel. Ele conta a experiência bem sucedida de uma biblioteca  na periferia da cidade de São Paulo que, por falta de espaço, teve que se mudar de um posto de saúde, para o único lugar disponível e com condições de abriga-la na região: um cemitério! Se você puder, assista a matéria inteira porque vale a pena.  


Mas por ora, vou destacar três atividades lá apresentadas e que, na minha opinião, são indispensáveis pra quem quer se tornar um comunicador e, porque não dizer, uma pessoa melhor. A primeira, e mais óbvia delas, é o poder da Leitura para a Criação de Repertório. Para que as palavras “brotem” fluentemente em nossas falas e discursos, é preciso que a gente tenha familiaridade com elas e a leitura nos abastece com palavras e conteúdos de uma maneira muito prazerosa. A segunda atividade é a Contação de Histórias para criação de Laços Emocionais, um hábito dos nossas antepassados, hoje tão diluído no meio de tantas demandas e tarefas. E, finalmente, o Trabalho Voluntario para o estabelecimento de Conexão Comunicativa. Falar sobre o que sabemos fazer bem, pra quem quer ou precisa nos ouvir, é um exercício sensacional de comunicação.


Terminei de assistir a essa reportagem com a certeza de que sim, somos animais gregários que gostamos de viver com outras pessoas, e que buscamos bem estar e felicidade. E que é a comunicação que nos liga, que nos une e conecta.


Os ingredientes indispensáveis para a empatia dos bons comunicadores estão por toda parte. Basta olhar com olhos atentos para enxerga-los. Como vimos na reportagem, oportunidades de usar esses ingredientes pra exercitar nossa habilidade comunicativa podem estar até nos lugares mais improváveis e , muitas vezes,  estão bem mais próximas do que imaginamos.


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