Brigando muito ou aceitando tudo? Descubra qual o melhor jeito de falar na quarentena

Ser assertivo é o estilo de comunicação mais saudável. Mas não é um brinde da natureza. É construído socialmente

Por: Cida Coelho  -  17/04/20  -  15:38
Atualizado em 17/04/20 - 15:46
Essa quarentena está reforçando as nossas diferenças
Essa quarentena está reforçando as nossas diferenças   Foto: Reprodução

Essa quarentena está reforçando as nossas diferenças e os conflitos de comunicação estão sendo potencializados pelo confinamento.


O problema é que o ambiente familiar costuma ser um dos lugares mais difíceis de expressar assertividade. Isso acontece porque nosso modo de funcionamento varia de pessoa para pessoa. Temos um cérebro que não apenas pensa, mas sente também. Esses pensamentos e sentimentos se organizam para um comportamento comunicativo, que os pesquisadores nesse assunto costumam dividir em quatro perfis:


PASSIVO


O tipo  passivo frequentemente é tímido ou “excessivamente gente boa”. Ele evita conflito a qualquer custo. Agindo assim, ele envia a mensagem aos outros de que seus sentimentos e pensamentos não são importantes. Ao menos, não são tão importantes quanto os dos outros. Sem perceber, ele vai dando aos outros a licença de desprezar os seus desejos e necessidades. O efeito cumulativo disso vem na forma de stress e sentimentos negativos como ressentimento, raiva, vitimização e desejo de vingança.


AGRESSIVO


Já o tipo agressivo é focado nas próprias necessidades. Ele costuma ultrapassar os limites e desconsiderar as necessidades, sentimentos e opiniões dos outros. Frequentemente mostra-se superior, humilhando e intimidando os outros. O comportamento agressivo prejudica a confiança e o respeito mútuo.


PASSIVO-AGRESSIVO


Finalmente, no tipo passivo-agressivo, incluem-se aqueles que costumam dizer “sim” quando queriam dizer “não”. Frequentemente são sarcásticos ou reclamam dos outros pelas costas. Ao invés de confrontarem um ponto diretamente, eles costumam mostrar sua raiva e sentimentos através de ações ou atitudes negativas. Fazem isso porque sentem-se desconfortáveis sendo diretos a respeito das suas necessidades e sentimentos. Ao longo do tempo, o comportamento passivo-agressivo prejudica os relacionamentos e o respeito mútuo, dificultando a consecução de seus objetivos e necessidades.


ASSERTIVO


No  tipo assertivo (sonho de consumo de todos nós) enquadram-se as pessoas que tem uma comunicação diplomática e efetiva. Elas respeitam a si mesmo, e expressam com frequência seus pensamentos e sentimentos. Demonstram, ainda, estarem conscientes dos direitos dos outros e desejam trabalhar pra resolver conflitos.


Ser assertivo é o estilo de comunicação mais saudável. Mas não é um brinde da natureza. É construído socialmente. Nossas experiências de vida vão moldando nosso estilo de comunicação e, às vezes, ele está tão arraigado que nem percebemos isso. Mas se você quer mudar seu estilo de comunicação e for mais assertivo, aqui vão 3 dicas que podem te ajudar:


Avalie seu estilo: Você expressa suas opiniões ou permanece em silêncio? Você diz sim a qualquer trabalho adicional mesmo quando está sobrecarregado? Você julga ou reclama constantemente? As pessoas parecem ter medo ou pavor de falar com você? Veja em qual estilo você se encaixa e comece a direcionar seu comportamento para pequenas mudanças rumo à assertividade. 


Use linguagem corporal: Comunicação não é só palavra. Não tenha medo: olhe-se no espelho ou avalie suas posturas nas fotos. O que você vê? Excesso de confiança? Falta de confiança? Desânimo? Persiga uma postura confiante mesmo que você não esteja se sentindo confiante. Mantenha um contato de olhos firme e esteja atento para que a sua expressão corporal  confirme a assertividade que você colocou em suas palavras.


Mantenha suas emoções sob controle (e aprenda a nomeá-las): Conflito é difícil para a maioria das pessoas. Talvez você sinta raiva ou se sinta frustrado. Ou, talvez, sinta vontade de chorar. Embora esses sentimentos sejam normais, eles podem atrapalhar a solução de conflitos. Se você perceber que ainda está sob efeito de forte emoção como a raiva, por exemplo, aguarde um pouco antes de falar o que deseja. Espere que a calma e a razão retornem. Respire devagar, mantenha a voz firme e só então converse sobre o que está te incomodando.


Comece a praticar suas novas habilidades em situações de baixo risco. Com situações corriqueiras dentro de casa nessa quarentena. Busque o diálogo afetivo e a empatia. Tudo o que não precisamos, agora, é reforçar emoções negativas. Faça com que suas palavras sejam instrumentos para a paz no convívio e, mais que isso, faça suas ações falarem mais alto ainda do que suas palavras.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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