Racismo: precisamos vencer o preconceito

A morte de homem negro brutalmente espancado às vésperas do feriado da “Consciência Negra”, gerou uma série de protestos

Por: Caio França  -  25/11/20  -  10:14
Atualizado em 19/04/21 - 18:25
 Racismo: precisamos vencer o preconceito
Racismo: precisamos vencer o preconceito   Foto: Alexsander Ferraz

A morte de um homem negro após ter sido brutalmente espancado por dois seguranças em uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, às vésperas do feriado da “Consciência Negra”, gerou uma série de protestos e muita revolta em diversas cidades brasileiras desde a última sexta-feira (20).


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Há cerca de cinco meses, por meio de outro artigo que você conferiu neste link (clique aqui), abordamos a morte de George Floyd, em Minneapolis, estado de Minnesota, nos Estados Unidos, que também foi assassinado de uma forma cruel e covarde por policiais, gerando a mesma repercussão por meio de grandes manifestações em diversos estados norte-americanos.


Estes são apenas dois casos de negros que tiveram suas vidas ceifadas pela intolerância em 2020. Evidente que tivemos muitos outros em todo o mundo. As brutalidades reavivam o debate da questão racial, que deveria ser pauta permanente de elaboração e implantação de políticas públicas.


O que se vê hoje, no Brasil e no mundo, é um retrocesso gigante no posicionamento e no comportamento da sociedade em temas que, de fato, nunca foram vencidos, que continuam sendo extremamente desafiadores como o racismo, mas que voltam ao debate de uma forma estarrecedora.
Ou damos um basta nisso agora ou corremos o risco de trilhar um caminho sem volta. Infelizmente, ao longo dos últimos anos, o debate político e ideológico pautado por posições radicais têm contribuído para a construção de discursos de ódio e uma polarização nada saudável. Continuo defendendo as manifestações pacíficas, no entanto, qualquer outro tipo de movimento que coloca a vida do outro em risco, que depreda patrimônios e que incita a violência não pode ser considerado legítimo.


O resultado das eleições deste ano, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vem demonstrando a insatisfação dos brasileiros e norte-americanos com o rumo e riscos que este tipo de conduta tem nos levado, ou seja, a um lugar obscuro, perigoso e que certamente fere os preceitos da democracia.


Fico feliz que a população esteja enxergando a tempo que democracia se constrói com diálogo e debate. Eu acredito na educação como pilar essencial na formação dos valores e princípios de vida do ser humano.


A formação de uma sociedade antirracista começa em casa, na escola, no ensinamento sobre miscigenação, na formatação dos grupos de trabalho em sala de aula, na escalação do time de futebol. A formação de uma sociedade antirracista começa com o reconhecimento de que o racismo existe sim, e que precisamos muito falar sobre isso. Não é tapando o sol com a peneira que vamos resolver este problema.


Todos os dias a vida nos dá a oportunidade de aprender ou ensinar algo, assim como no poema de Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Todos os dias temos a oportunidade de espalhar a mensagem de Martin Luther King Jr., ativista ícone do século XX, que passou a vida lutando pela igualdade civil entre negros e brancos, e também morreu assassinado. “Eu decidi ficar com o amor. O ódio é um fardo muito grande para suportar”.


Nosso desafio enquanto líderes políticos é jamais permitir que essa pauta saia do debate. A questão racial deve estar na cartilha das políticas públicas dos novos mandatários. É um tema que não pode ficar adormecido. Para vencer o preconceito racial é preciso falar dele.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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