Baixada Santista à espera do Corujão da Saúde

Anunciado há um mês pelo Governo do Estado, programa ainda não atende às necessidades das cidades da região

Por: Caio França  -  22/05/19  -  11:25
Medida para portabilidade de plano começa a valer a partir de junho de 2019
Medida para portabilidade de plano começa a valer a partir de junho de 2019   Foto: Agência Brasil

Há um mês, quando o Governo do Estado de São Paulo anunciou a chegada do programa Corujão da Saúde à Região Metropolitana da Baixada Santista, detectamos uma diferença significativa na quantidade de exames de endoscopia e ultrassonografia ofertada em comparação com as demais regiões do interior do estado.


A região de São José do Rio Preto foi contemplada com 49.360 atendimentos. Presidente Prudente e região, com 48.309 exames. Para Bauru e região, o programa destinou 38.626 vagas. Toda essa quantidade compreendendo endoscopias, mamografias e ultrassonografias. Já a Baixada Santista recebeu apenas 934 exames, sendo 873 endoscopias e 61 ultrassonografias.


A disparidade é evidente. Na ocasião, evitei tirar conclusões precipitadas diante da inexpressiva quantidade de exames destinada à Baixada Santista, pois estávamos diante de duas hipóteses: ou a região encontrava-se numa situação favorável especificamente em relação à demanda para esses atendimentos, ou estaríamos fora, mais uma vez, da lista de prioridades do Governo do Estado. 


Entretanto, a confirmação do real cenário se deu mediante levantamento realizado pelo jornal A Tribuna, que confirmou a segunda hipótese. A matéria, publicada no último dia 17 de maio, na página A3, aponta que o número de exames oferecidos corresponde a 1,7% do que seria necessário para zerar a fila de atendimentos de endoscopia e de ultrassonografia, e que, de acordo com as prefeituras dos nove municípios, 22.236 pacientes esperam pela realização desses procedimentos.


Os números são ainda mais controversos se levarmos em consideração que a Baixada Santista desponta com a maior população em comparação com as demais regiões administrativas, com 1,8 milhão de habitantes. Em segundo lugar, vem a região de Rio Preto, com 1,5 milhão de habitantes.


O acesso a exames, medicamentos e à saúde em geral ainda está longe de ser o ideal em todo o estado. Conheci as deficiências também do Noroeste e Oeste paulistas em minhas andanças pelo interior, e reconheço que as regiões envolvidas nesta etapa também são muito carentes de diagnósticos e necessitam desse respaldo do governo.


Dessa forma, quero registrar que o comparativo neste artigo tem a finalidade de questionar o motivo pelo qual a região da Baixada Santista não ter sido beneficiada na mesma proporção que as demais regiões, tendo em vista a existência de demanda reprimida.


O Governo do Estado contesta as informações justificando que a base de levantamento teria sido feita por meio do sistema Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde). Talvez falte à Secretaria Estadual de Saúde um diálogo mais próximo com as secretarias municipais de Saúde para verificar onde está a falha. Se houver disposição em resolver, o caminho me parece muito simples.


Enquanto isso não acontece, quem perde é a população. Há que se investigar, também, o motivo da exclusão dos municípios de Bertioga e Itanhaém nesta etapa do programa. Sem eles, são 20.789 pacientes aguardando para fazer uma ultrassonografia e 1.447 para fazer uma endoscopia na Baixada Santista. Se não há demanda reprimida, como explicar os números acima?


Com a palavra, o Governo do Estado de São Paulo.


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