Fica bem ali, em uma das esquinas mais movimentadas de Santos, um projeto verde que começa a ganhar corpo e, literalmente, dar frutos. Chamado Composta & Cultiva, o projeto é um ‘braço’ ambiental da Concidadania, uma organização não-governamental que funciona dentro da Estação da Cidadania, na esquina das avenidas Francisco Glicério e Ana Costa.
Quem passa por aquela esquina ou anda no VLT não imagina que atrás da antiga estação de trem tem uma grande área verde, onde no passado ficavam os trilhos do trem que fazia o percurso até o Litoral Sul.
O Composta & Cultiva foi criado em 2019 com uma proposta que vai além de manter uma horta em plena área urbana. A horta, na verdade, é a etapa final de um processo que inclui coletar lixo orgânico, transformá-lo em adubo e, com ele, cultivar frutas, legumes, verduras e temperos, distribuindo entre os parceiros.
Como funciona
O Composta & Cultiva funciona assim: o lixo orgânico gerado em casa (cascas de frutas, legumes, verduras) é levado em baldinhos para aquele espaço. Ali, a pessoa pesa o lixo deixado e vai contabilizando ao longo do mês.
Há, também, um valor de contribuição que varia conforme o total de lixo deixado para compostagem. No final, os colaboradores têm direito a hortaliças, temperos, porções de adubo e biofertilizantes para seus jardins domésticos.
Economia circular
Renato Prado é o coordenador do projeto. Ele explica que a ideia nasceu da necessidade de conscientizar as pessoas sobre o potencial que representa o lixo orgânico gerado em casa, que pode se transformar em adubo e, com ele, produzir alimentos. “Entendemos poder fechar o ciclo virtuoso do alimento de volta para o solo”, diz. Esse é o conceito de economia circular, em que o lixo produzido pelo homem volta para o ciclo produtivo, sem desperdício de recursos naturais e de forma sustentável.
As pessoas que se tornam parceiras tanto podem levar seu lixo até o projeto como ter a coleta em casa, o que inclui a taxa de transporte.
Condomínios
Outro foco que começa a crescer no Composta & Cultiva é a participação de condomínios. Já são quase 200 participantes em Santos. Dependendo de onde fica o edifício, o lixo pode ser retirado por bicicletas.
Em troca do lixo, os condomínios recebem o composto orgânico e também assessoria gratuita para suas áreas verdes e hortas comunitárias.
Lixo vira adubo
Todo o composto recolhido de pessoas físicas e condomínios é misturado a folhas e restos de galhos e fica em baias, no chão. Ali, vai se decompondo e, com o passar das semanas, se transforma em adubo.
O projeto também ensina a fazer compostagem em casa, por meio de caixas plásticas recicladas. O processo não tem cheiro nem acumula insetos.
“Quando a pessoa percebe que tudo isso é possível, muda o paradigma ambiental e ela começa a enxergar o lixo orgânico de outra forma”, avalia o engenheiro ambiental Lucas Branco de Carvalho.
Na horta do Composta & Cultiva há dezenas de canteiros com alface, rúcula, pepino, rabanete, espinafre, tomate, menta, manjericão, salsinha, coentro e frutas variadas. Essa produção, o adubo, o biofertilizante e a assessoria dos sete profissionais da equipe entram como contrapartida para todos os parceiros.
Há outras informações sobre o projeto e formas de participar no site compostaecultiva.com.br.